No AC, sindicatos fazem ato contra cortes nas universidades e reforma da Previdência

Manifestantes dizem que protesto é em defesa da educação pública. Ato segue durante todo o dia.

Centrais sindicais se reuniram no Centro de Rio Branco nesta quinta-feira (30) em um ato contra a reforma da Previdência e bloqueio de verbas para as universidades federais. O ato ocorre na Praça da Revolução e começou às 9h [horário do Acre]. Durante todo o dia, o grupo pretende fazer atividades culturais e ainda uma aula pública.


Em Cruzeiro do Sul, o ato aconteceu também no Centro da cidade. O protesto começou às 9h30 e terminou às 10h30 [horário do Acre]. Em Rio Branco, o terminal chegou a ficar fechado por alguns minutos. Às 11h, o terminal foi liberado.


Rosana Nascimento, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Acre, diz que a reunião marca a luta pela educação pública.


“Educação é dever do Estado oferecer e do cidadão cobrar. Queremos educação pública de qualidade e que os jovens possam ingressar nas universidades públicas e não que tenham o desejo de nível superior e seus pais não tenham dinheiro para pagar a universidade particular”, defende.


Terminal ficou fechado por alguns minutos durante protesto em Rio Branco  — Foto: Alcinete Gadelha/G1

Terminal ficou fechado por alguns minutos durante protesto em Rio Branco — Foto: Alcinete Gadelha/G1


Ela diz ainda que o movimento é contra cortes na educação de forma geral, inclusive, na educação básica.


“Não teve cortes só na universidade, teve no Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] também. Então, hoje [quinta, 30] é uma luta em defesa da educação pública. Queremos conscientizar, que é obrigação do Estado oferecer educação. Além disso, estamos contra a reforma da Previdência, que é um mal pro trabalhador”, destaca.


A Associação dos Docentes da Ufac (Adufac) estava representada pelo presidente, Sávio Maia, que destacou que o ato é um apelo para que o governo seja pressionado, já que já foi informado que, no caso da Universidade Federal do Acre (Ufac) – a única pública do estado – não há como iniciar o segundo semestre.


“O corte não inviabiliza só pesquisas, mas também corta luz, limpeza, vigilância, restaurante. Se mantido o corte, não há como manter a universidade”, pontua.


Ele criticou ainda como a educação tem sido tratado no âmbito político. Segundo Maia, durante a campanha, todos os políticos levantavam a bandeira da educação.


“Há pouco tempo a educação era bandeira de todos os políticos, agora começou ser atacada. Queremos defender o patrimônio, que é a universidade e o papel do professor”, enfatiza.


Manifestantes se reuniram na Praça da Revolução em Rio Branco — Foto: Alcinete Gadelha/G1

Manifestantes se reuniram na Praça da Revolução em Rio Branco — Foto: Alcinete Gadelha/G1


Bloqueio

Em abril, o Ministério da Educação divulgou que todas as universidades e institutos federais teriam bloqueio de recursos. Em maio, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou sobre a suspensão da concessão de bolsas de mestrado e doutorado.


De acordo com o Ministério da Educação, o bloqueio é de 24,84% das chamadas despesas discricionárias — aquelas consideradas não obrigatórias, que incluem gastos como contas de água, luz, compra de material básico, contratação de terceirizados e realização de pesquisas. O valor total contingenciado, considerando todas as universidades, é de R$ 1,7 bilhão, ou 3,43% do orçamento completo — incluindo despesas obrigatórias.


Em 2019, as verbas discricionárias representam 13,83% do orçamento total das universidades. Os 86,17% restantes são as chamadas verbas obrigatórias, que não serão afetadas. Elas correspondem, por exemplo, aos pagamentos de salários de professores, funcionários e das aposentadorias e pensões.


Segundo o governo federal, a queda na arrecadação obrigou a contenção de recursos. O bloqueio poderá ser reavaliado posteriormente caso a arrecadação volte a subir. O contingenciamento, apenas com despesas não obrigatórias, é um mecanismo para retardar ou deixar de executar parte da peça orçamentária devido à insuficiência de receitas e já ocorreu em outros governos.


Protesto em Cruzeiro do Sul contou com grupo de estudantes e professores  — Foto: Mazinho Rogério/G1

Protesto em Cruzeiro do Sul contou com grupo de estudantes e professores — Foto: Mazinho Rogério/G1


Ato no interior

Nos campis da Universidade Federal do Acre (Ufac) e na unidade do Instituto Federal do Acre (Ifac), em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, os estudantes e professores decidiram aderir também ao protesto contra os cortes na educação e suspenderam as aulas nesta quinta-feira (30).


Para chamar a atenção da sociedade, um grupo de alunos e professores caminhou pelo Centro da cidade expondo os motivos do posicionamento contrário às medidas do governo.


Na segunda maior cidade do Acre, o protesto foi organizado pelo Diretório Central dos Estudantes e pelo Conselho dos Professores do Ifac e da Ufac. Conta também com o apoio do Sindicato dos trabalhadores em Educação do Estado (Sinteac).


Os professores e alunos se vestiram de preto e usaram faixas e cartazes para explicar os prejuízos para as universidades com o corte de quase 30% dos recursos da educação. Com um carro de som, os líderes da manifestação se pronunciavam contra as medidas.


De acordo o representante do DCE, Ulissys Bandeira, a redução dos investimentos no ensino superior vai afetar a estrutura das universidades e pode comprometer, além da qualidade do ensino poderá reduzir as bolsas dos estudantes de baixa renda e reduzir os trabalhos de pesquisas desenvolvidas pelas comunidades acadêmicas.


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