Com base no relato de duas mulheres especiais, Ecos da Notícia traz uma reflexão importante neste Dia Internacional da Mulher
Meu nome é Maria. Eu venci o câncer de mama. Em 2013, descobri que tinha um caroço na mama. Comecei todo o processo de exames, e em março de 2013, veio o diagnóstico, que realmente confirmou que eu estava com câncer. Foi um desespero total. No começo, pensava que ia morrer. Pensei no meu filho, na época com dois anos. E foi muito doloroso para toda a família e para os meus amigos. Todos me apoiaram. Comecei o tratamento no final de 2013 para 2014, com o protocolo da quimioterapia e da radioterapia. Caiu o meu cabelo, fiquei toda inchada. Foi difícil. Não tem como dizer que não foi difícil. É uma fase que eu espero que ninguém passe. Fiz o autoexame, porque 90% dos casos se for precocemente, tem a chance da cura. Eu venci. Mas perdi o marido. Talvez ele tenha sido sacana por não ter compreendido a minha doença, talvez por eu ter ficado feia, ou porque encontrou os afagos que precisava em outras mulheres. Isso não se justifica quando se tem caráter, ou amor de verdade. Mas eu não o culpo, nem me culpo também. Vivo a vida, agora mais forte e, mesmo com cicatrizes no corpo e na alma, me sinto bela. Simples assim!
Eu me chamo Maria e perdi meu filho para o crime. Mataram meu menino, de 17 anos, quando eu pensava que tinha controle sobre ele. Por ser diarista, pobre e sem esposo, trabalhei muito pra vê-lo bem. Mas, talvez a falta de um controle sobre os atos do meu filho contribuiu para a morte dele. Não sou de fugir das coisas difíceis, moça, e as pessoas me culpam até hoje pela morte do meu filho. Dizem que eu sou uma mãe ausente, que eu não presto pra ser mãe e que meu filho menor vai ser assassinado também, que vai virar marginal, como diziam com o meu mais velho. Mas eu não ligo. Por ser mulher, tenho que ouvir essas coisas. Ninguém foi atrás do meu ex-esposo, cobrar dele a responsabilidade de ter me deixado com três filhos, um ainda no ventre, para se aventurar pelo mundo. Mas eu não reclamo disso. Eu posso ter a minha parcela de culpa, mas dizer que sou ausente da educação dos meus filhos, isso eu não sou. Eu dou carinho e atenção para eles. Mas gostaria de dizer às pessoas que eu tenho que trabalhar. Que eu carrego uma cruz muito pesada por não ter ninguém pra me ajudar em nada.
Os relatos acima são reais. São de duas Marias estigmatizadas pela vida, mas que receberam, ainda no batismo, a força do nome que tudo superou pelo amor, simbolizada por uma das mulheres mais corajosas que já passaram pelo planeta: a Maria, mãe de Jesus.
Milhares de Marias são submetidas, todos os dias, no país, a situações desumanas. O simples fato de ser mulher a tornam vulneráveis. A relegam ao título de prostitutas só porque usavam trajes de “gosto duvidoso”. No trânsito, a jogam na cara a pecha de que “tinha de ser mulher”, a cada manobra malsucedida. Em casa, “vai pra cozinha porque é lá o seu lugar”. Na cama, o tapa vem quando se recusam a fazer o que seus companheiros bem entendem.
E esses comportamentos seguem, de geração em geração, proliferando ao longo de décadas. O feminicídio, termo para classificar assassinatos de mulheres cometidos em razão do gênero, endureceu a pena para quem o pratica. Mas continuam acontecendo em larga escala. São milhares de mulheres mortas, por ano, segundo os levantamentos oficiais e de organizações não-governamentais, no Brasil.
Quantas Marias mais devem ser massacradas pela vida, e por seus companheiros, para que sejamos mais humanos? Então, comece de agora. Respeite e ame suas mulheres como elas merecem desde que nasceram do ventre de outra mulher.
E nesta data tão especial, celebrado nesta sexta-feira, 8, que é o Dia Internacional da Mulher, o ECOS DA NOTÍCIA traz essa reflexão importante para todos nós.
Sejamos mais amorosos com elas e um feliz Dia da Mulher a todos os nossos leitores!