Como parte da programação do aniversário de 136 anos de fundação de Rio Branco, a prefeita Socorro Neri, vai entregar nesta sexta-feira, 28, no Teatro Hélio Melo, a partir das 19 horas, a Comenda Volta da Empreza a três pessoas: Raimunda Bezerra, Manoel Pacífico da Costa e Abrahim Farhat. Os três têm em comum a forte atuação na defesa dos Direitos Humanos e na criação e fortalecimento de movimentos sociais e sindicais.
A comenda Volta da Empreza é a mais alta honraria entregue pelo Município. O nome da Comenda é uma referência à primeira denominação dada à cidade de Rio Branco no período de sua transição de seringal a povoado.
A Comenda Volta da Empreza é constituída de três graus distintos: O grau Fundador, que tem Neutel Newton Maia, como patrono, destina-se a reconhecer os que se destacaram por sua significativa contribuição nos campos social, cultural, econômico, humanitário, desportivo, ou outros de notável importância para a cidade, bairro ou comunidade.
O grau Comandante tem o Coronel José Plácido de Castro como patrono e é destinado a homenagear os que contribuíram, através de atos extraordinários com a comunidade, para a consolidação da cidade em nível regional.
O grau Chanceler, cujo patrono é José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, é a mais alta distinção da Ordem e homenageia aqueles que tenham reconhecidamente prestado relevantes serviços ao município, ou que, no exercício da sua atividade, tenham destacado o nome do município de Rio Branco nos cenários nacional ou internacional.
Abrahim Farhat, o Lhé
Filho de sírio libaneses, Abrahim Farhat, o Lhé, hoje com 77 anos, nasceu em Rio Branco. Nos anos 60, no Colégio Acreano, iniciou a luta no movimento estudantil, que teve prosseguimento na antiga Ética. Depois passou a atuar na organização de movimentos sociais e sindicais. Sempre teve muita proximidade com a Igreja Católica, tendo sido grande amigo de Dom Giocondo, Dom Moacir e padres Pacífico, Nilo e Pedro Martinello, defensores da Teologia da libertação. Abrahim organizou e fundou várias cooperativas e sindicatos, como o das Lavadeiras, das Empregadas Domésticas e das Prostitutas. Lhé usava recursos da família para criar ou fortalecer sindicatos, como o de trabalhadores rurais de Xapuri.
Manoel Pacífico da Costa
Nascido em Rio Branco em 1945, Manoel Pacífico estudou filosofia e teologia em Roma. Nos anos 70, já como padre atuou em Brasiléia e Rio Branco. Ajudou Dom Moacyr Grechi, na criação das comunidades eclesiais de base. Pacífico deixou o sacerdócio em 1975, dois anos depois casou-se e hoje tem três filhos. Na década de 80, Pacífico filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB), elegendo- se deputado estadual pela legenda. Em 2007 Manoel Pacífico criou o Instituto Ecumênico Fé e Política, que busca a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, promove atividades educativas de caráter ecumênico, a partir da cooperação entre igrejas e instituições religiosas. O Instituto reúne evangélicos, kardecistas, católicos, umbandistas e ayahuasqueiros.
Raimunda Bezerra
Raimunda Bezerra, 66 anos, nasceu em Brasiléia e é filha de ex – seringueiros. Até os 23 anos morou em seringais e colônias. Começou a dar aulas aos 16 na zona rural. Já em Rio Branco, ela começou o engajamento social na igreja católica da Estação Experimental, onde participava da comunidade de base. Na década de 70, foi uma das fundadoras do Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular do Acre (CDDHEP), que atua na orientação de cidadãos em questões relacionadas à terra, moradia, crianças e violência de gênero. No bairro Seis de Agosto, ajudou a implantar a Rádio Comunitária Gameleira, que é importante ferramenta de mobilização, educação, informação e interação. Raimunda bezerra, teve como grande amigo, Chico Mendes. Depois da morte de Chico, foi uma das que levaram adiante sua luta pela criação de reservas extrativistas e organização de trabalhadores.