Marcos Dione- Um estudante de 16 anos, segundo sua mãe, foi torturado por policiais militares na noite da última quinta-feira (20) no município de Brasiléia, interior do Acre. Ele foi algemado, teve um saco plástico colocado na cabeça, e foi agredido com vários socos e chutes, resultando numa fratura nas costelas.
Devido a gravidade dos ferimentos, o adolescente foi transferido ao Proto Socorro de Rio Branco, onde continua internado. Na manhã deste sábado (22), a mãe dele falou com o Ecos da Notícia. A auxiliar de serviços gerais Eliete disse que o filho estava a caminho da casa da avó, na companhia do irmão mais velho, quando uma guarnição da Polícia Militar os abordaram. O mais velho foi levado à delegacia da cidade.
De acordo com o relato da mãe, que está abalada com a situação, o filho de 16 anos foi levado a um outro local, onde passou pela sessão de tortura, e depois os policiais também o levaram à delegacia. Eliete tentou conversar com o filho na delegacia, mas no primeiro não deixaram ela ter contato com ele.
“Ele estava indo dormir na casa da vó dele, que está doente, e foram parados pela polícia. Os policiais levaram os dois, um foi direto pra delegacia, e o outro não sei para onde levaram. Ele contou o que fizeram com ele. Colocaram uma sacola preta na cabeça dele e bateram bastante no meu filho. Bateram tanto que quebraram uma costela dele. Lá na delegacia não queriam deixar eu ver ele”, afirma.
A mulher diz ainda, que a população do município ficou revoltada, uma vez que o estudante não é envolvido com coisas erradas e não tinha nenhuma passagem pela polícia. Ela esclarece também, que os policiais juraram matar o rapaz caso ele falasses a alguém os nomes deles. Eliete pede ajuda.
“Ficou todo mundo revoltado, meus filhos são estudantes, quase não saem de casa. Nunca fui em delegacia por causa deles. Ameaçaram matar meu filho se ele falasse o nome deles. Mas não vamos ficar calados, já procuramos o Ministério Público e precisamos da ajuda de todos”, lamentou.
A reportagem do Ecos da Notícia procurou ouvir a Polícia Militar, não foi atendida no telefone do quartel da cidade. Já o delegado Karlesso Nespoli, que atende pela delegacia de Brasiléia, disse que realmente foi registrada uma denúncia por um suposto crime de tortura envolvendo o adolescente.
Nespoli afirmou que ainda está levantando informações para dar prosseguimento no inquérito. “A mãe foi na delegacia registrar que supostamente policiais militares teriam pego o filho dela e agredido. Já pedi o exame de corpo delito e já marcamos as oitivas. A priore ele não tinha nenhuma passagem”, disse
O delegado disse ainda, que informações preliminares dão conta de que que ele pode ter sido agredido por membros de uma facção, e não por policiais como diz a mãe. “É comum também pessoal de facção tá fazendo isso e depois colocar a culpa na polícia. Mas tudo vai ser apurado com mais detalhes”, finalizou.