A Igreja Católica na Austrália se comprometeu nesta sexta-feira (31) a combater a pedofilia, mas rejeitou a recomendação da Comissão Nacional de Inquérito que previa a possibilidade dos padres serem forçados a quebrar o segredo da confissão para denunciar casos de abusos sexuais.
Segundo a instituição, a medida proposta vai contra os princípios do catolicismo. “É contrário à nossa fé e prejudicial à liberdade religiosa, estamos comprometidos com a proteção das crianças e das pessoas vulneráveis, mas mantendo o segredo da confissão”, disse o comunicado apresentado pelo presidente da Conferência dos Bispos Católicos Australianos, o arcebispo Mark Coleridge.
A resposta formal veio depois de quase nove meses desde que a Comissão apresentou 122 recomendações às autoridades católicas no país, ao publicar suas conclusões, após ouvir mais de 15 mil pessoas que alegavam ser vítimas de abusos. Por cinco anos, a investigação coletou testemunhos sobre casos de pedofilia ocorridos em igrejas, instituições beneficentes, governos locais, escolas, organizações comunitárias e policiais.
“Muitos padres, religiosos e leigos na Austrália falharam em proteger e honrar a dignidade das crianças. Muitos bispos pararam de ouvir, de acreditar, deixaram de agir. Essas falhas permitiram que alguns molestadores ofendessem repetidamente, com consequências trágicas e às vezes fatais”, enfatizou o religioso.
Em resposta às recomendações, a Igreja Católica Australiana concordou “a princípio” em realizar uma revisão nacional das estruturas de governança e http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistração das dioceses e paróquias, particularmente no que diz respeito às questões de transparência e prestação de contas, explicou Coleridge. O documento da Comissão confirmou que 7% dos padres católicos australianos foram alvos de acusações de pedofilia entre 1950 e 2010, justamente, por isso, entre as recomendações estava a hipótese da quebra do silêncio da confissão nestes casos.
“Agora os bispos e líderes das ordens religiosas se comprometem: ‘nunca mais’. Não haverá mais encobrimentos, não haverá transferências de pessoas acusadas de abuso, a reputação da Igreja não será protegida à custa da segurança infantil”, concluiu. (ANSA)