Se antes o governo culpava as facções criminosas pela crescente nos números de mortes violentas no Acre, agora o discurso é outro. Tanto o governador Tião Viana (PT), como seu novo secretário de Segurança Pública, Vanderlei Thomas, afirmam que o acreano vivencia tal situação pelo fato de estarmos localizados na fronteira com a Bolívia e o Perú, que em tese são os maiores produtores de cocaína e maconha da América Latina.
Com a desculpa de que a segurança na fronteira é de responsabilidade exclusiva do governo federal, o governo permite o livre trânsito de pessoas nos acessos que fazem a ligação do Brasil com os países vizinhos. Desta forma, tanto o tráfico de entorpecentes, como o de armamento pesado e até de pessoas, continuam acontecendo frequentemente e com a maior facilidade.
O Atlas da Violência 2018, divulgado na última sexta-feira (15), mostra que a taxa de mortes violentas na capital Rio Branco chegou a 63,4 em 2016 colocando o Acre entre os 123 estados responsáveis por pelo menos 50% de mortes em todo o Brasil. O levantando foi realizado e divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Ainda segundo o Atlas, esses números retratam justamente assassinatos que tiveram como vítimas jovens desempregados, em situação de vulnerabilidade à pobreza, e que não tiveram acesso a educação na infância. Como não poderia ser diferente, o secretário de segurança pública defendeu o investimento do governo na educação e na área social e mais uma ressaltou o discurso já repetido de que o problema está nas fronteiras abertas. Ele é pontual ao dizer que a violência entra no Acre através do tráfico.
“Temos vagas sobrando nas escolas, educação em tempo integral, então, todos esses investimentos do governo na área social só vem confirmar que o nosso grande problema são as fronteiras abertas. O tráfico que traz a violência e essa ausência de cortar o mal pela raiz. Tem outras capitais e municípios com índices mais alto que Rio Branco. Esses municípios também sofrem dos mesmos males, só que o mal deles é a droga já ter entrado e passado pelo país. Nosso agravante é a disputa do território justamente para se instalar na fronteira e fazer esse controle”, declarou Thomas à imprensa.