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Em artigo, vice-governadora do Acre afirma que o “Brasil está uma piada”

Foto: Val Fernandes

O Brasil está uma piada. Só que não tenho vontade de rir. Os fatos estão chegando a um limite. Ou já passaram deste, há muito tempo. Vive-se um choque: o salário mínimo, que deveria minimamente crescer para fazer o trabalhador suportar diariamente o vilipêndio da rotina, ao invés de subir, decresce. Desce! Como é que se explica isso?!


São tantas as situações inexplicáveis…


Como é que se explica um país que diz, no seu texto constitucional, básico, que o valor social do trabalho é fundamento, que se aceite flexibilizar normas que são estabelecidas nesta própria constituição, justamente quando temos milhões de desempregados? Que poder tem uma pessoa diante da fome? Aceita tudo!


Vamos combinar?! Nunca fomos pobres… Somos a 6ª, 7ª, 8ª economia do mundo; o problema sempre foi em como aplicamos e dividimos os custos e os lucros desta potência chamada Brasil. Alguns dirão que é uma herança do Brasil-colônia. Até concordo. O que não aceito é que após 500 anos, como sociedade, não demos sinal de melhora da evolução das relações. Isso é no mínimo de causar estranheza.


Eu digo sempre que vivemos em um país de 518 anos, dos quais, em 388 praticamos a escravidão, que significa não valoração do ser humano, em sua essência; visão do ser humano dissociada de sua integralidade, pela visão da “parte” que labora, para o enriquecimento do outro, que espolia, desconhecendo direitos e obrigações, mas, acima de tudo, desconhecendo a sacralidade da Vida, o direito do outro à felicidade, pelo olhar que reconhece a plenitude de ser, em igualdade de oportunidades para ser e ter acesso à dignidade da pessoa humana, à saúde, à educação, moradia, salário… enfim: existir!


Está difícil viver em um país tão desigual, sem políticas públicas que professem com força a promoção da justiça social e que, pelo contrário, só abastecem, com mais força, os baús antigos e já abarrotados do interesse do mercado internacional e o financeiro.


No ano passado, mesmo com toda a crise, divulgaram as pesquisas e os ‘whatsapps’ repassados, que o Brasil, com seu modelo socioeconômico equivocado, “produziu” 7 novos bilionários, assim, mundialmente reconhecidos. De que área eles seriam, poderá perguntar alguém, curioso, por fazer o mesmo tipo de investimento, para, quem sabe, chegar no mesmo sucesso material. Tire seu cavalinho da chuva, a menos que você seja parente de banqueiro ou de cervejeiro. Pois foram destas áreas os agraciados.


Enquanto isso, o governo federal, mais uma vez, com sua política socioeconômica e ambiental equivocada, retira forças de programas de Economia Solidária e Produção Familiar. A Produção Familiar garante 75% dos recursos que circulam na economia rural de nossa gente boa, no campo. Acho demais a frase simples que diz: se o campo não planta, a cidade não janta!


Um país tão grande, tão diverso em sua natureza, em sua gente, por suas diversas origens. Por que, enquanto pessoas, cidadãos e cidadãs, não nos amamos mais? Por que não amamos mais a nossa terra, a nós mesmos e a nossa comunidade? Estou farta dos entreguismos e desse maldito complexo de vira-latas, que nos faz valorizar mais aos outros do que a nós mesmos!


Está na hora de amadurecer, Brasil!


Está na hora de perceber o vínculo que existe entre as escolhas que fazemos para o exercício dos cargos do Executivo e aqueles que escolhemos para a composição do Poder Legislativo. É preciso enxergar isso! Um congresso ruim não deixa um bom presidente governar. Se o presidente não “servir” (uso do termo em amplo sentido) aos interesses (nem sempre republicanos) dos congressistas, pode ser deposto ou deposta (mesmo sem crime; mesmo rasgando a Constituição).


É bom lembrar aqui a responsabilidade, neste estado em que as coisas estão, de quem é. É de quem VOTA! É de quem escolhe. Portanto, É NOSSA!


E não adianta apontar dedos, achar culpados. Agora?! Há quem pretenda chamar os militares – lembrem o que aconteceu na última vez… Traumático, até para eles que, vamos combinar, assumiram a culpa pela vileza toda, de muita gente boa e de muitos interesses do capital dominante.


Vendo a fala de um petroleiro que, em greve, descrevia o desmonte, a desmoralização da Petrobrás, as vendas a preço de banana de nossas plataformas, a crescente incapacitação do setor, por atitudes francamente em cometimento de lesa-pátria, para explorar uma grande dádiva da natureza chamada pré-sal, que poderia se transformar em riqueza, em abundância para nossa população, já tão violentada e sofrida, não aguentei. Pedi para meu companheiro parar o vídeo. Fiquei com vontade de chorar, mas não chorei. Escrevi.


É época de Copa. É 2018. Vamos lá! Torce pelo Brasil! Torce, mas age! Pergunta, questiona, critica na política e escolhe os seus candidatos a ajudarem a contribuir com o Brasil novo, como você escolheria o técnico da Seleção.


E ah! Não esquece! Acompanhe o trabalho deles! Você é que escolhe o time do Brasil! Que tal fazer um golaço?!


*Nazareth Araújo – feminista, defensora da justiça social, advogada pública e vice-governadora do Estado do Acre


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