O presidente do Conselho Estadual de Combate à Discriminação LGBT, Germano Marino, acionará o Ministério Público do Acre (PM/AC), na próxima segunda-feira (25), para que este participe das investigações referentes aos recentes casos de homicídios ocorridos em Rio Branco tendo com vítimas mulheres lésbicas.
Ao Ecos da Notícia, Germano afirmou que ainda é precoce creditar essas mortes a uma ação criminosa específica contra mulheres lésbicas, mas que essa hipótese não pode ser descartada, uma vez que os familiares e amigos das vítimas relatam que as jovens não possuíam nenhum envolvimento com facções criminosas.
“Vamos protocolar no Ministério Público um pedido para averiguar como andam as investigações. É muito precoce a gente dizer que existe uma chacina contra lésbicas, contra lgbt’s, mas queremos saber qual a conotação pra está havendo esse tipo de assassinato, já que as famílias dizem que elas não eram de facções”, disse.
Na noite do domingo 10 de junho, a adolescente Mileide Estevão, 17 anos, caminhava acompanhada de uma criança de 4 anos pela Rua Mário Maia, no bairro Laélia Alcântara, quando foi abordada por dois homens numa motocicleta, um dos criminosos sacou uma pistola ponto 40 e a matou com vários tiros.
Ainda no local onde Mileide foi morta, amigos e familiares dela disseram à nossa reportagem, que a estudante não era envolvida com o tráfico de drogas, e muito menos integrava alguma facção. Revoltados com a onda de violência que tomou conta do estado, eles gritavam pedindo que a morte dela não fique impune.
“Ela era sapatão, mas não era bandida, eu quero justiça. Agora toda pessoa que é assassinada a polícia diz que fazia parte de facção e por isso mesmo fica, não duvido que inventem que ela era de facção. Uma menina boa, não fazia mal pra ninguém”, disse uma das irmãs de Mileide que estava em estado de choque.
Já se passaram quase duas semanas e até agora a polícia não identificou nenhum suspeito de ter executado a estudante. Na noite da última quinta-feira (21), mais um lésbica foi abordada pela dupla de motociclistas e morreu ao ser alvejado com pelo menos 10 disparos de pistola nove milímetros.
Janaína Souza, 23 anos, tinha acabado de sair de uma quadra de esportes onde participava de um ensaio de quadrilha junina, seguia de bicicleta para casa com um amigo, quando na Travessa Alegria, no bairro Recanto dos Buritis, foi interceptada e assassinada. O amigo dela não foi ferido por nenhum tiro.
Para o delegado Rêmulo Diniz, responsável pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o fato de os autores do crime terem poupado a vida do rapaz que estava acompanhado de Janaína, revela que a jovem era o alvo da dupla, que foi justamente sabendo quem eles iriam matar.
“Estavam armados com uma pistola 9 milímetros. É uma execução com certeza. As pessoas que estavam com ela não sofreram nenhum ferimento, o que indica que os disparos eram para ela. Não sabemos do envolvimento dela com nada e nem que houve alguma discussão”, disse o delegado que investiga o caso.