Cidade do Povo, Caladinho e Tancredo Neves são os bairros mais citados e entregadores temem emboscadas. G1 falou com dez estabelecimentos e todos já foram assaltados.
Com medo da violência, os proprietários de lanchonetes e entregadores estão evitando delivery em alguns bairros de Rio Branco. Os donos de dez estabelecimentos ouvidos pelo G1 citaram 19 bairros da capital acreana em que eles decidiram suspender as entregas.
O principal motivo é o registro de casos de assaltos a entregadores.
Os bairros mais evitados e que foram citados pelos empresários e motoboys são:
- Caladinho;
- Montanhês;
- Preventório;
- Defesa Civil;
- Calafate;
- Conquista;
- Nova Estação;
- Tancredo Neves;
- Morada do Sol;
- Taquari;
- Cidade do Povo;
- Ilson Ribeiro;
- São Francisco;
- Jacarandá;
- Adalberto Sena;
- Montanhês;
- Santa Inês;
- Mauri Sérgio;
- Taquari.
O levantamento mostra que 31,5% dos dez proprietários ouvidos preferem deixar de fazer entregas nos bairros Cidade do Povo, Caladinho e Tancredo Neves do que perder dinheiro a arriscar a vida dos entregadores. Já os motociclistas afirmam que também estão preocupados e evitam alguns locais.
Criminosos fazem emboscada
O esquema dos criminosos, de acordo com os proprietários, é quase sempre o mesmo. Um suposto cliente liga para a lanchonete e faz um pedido para ser entregue em determinado endereço, mas quando o entregador chega ao local, os bandidos anunciam o assalto e levam tudo do funcionário: moto, celular, dinheiro e, ainda, a entrega.
Para se prevenir, os proprietários ficam atentos à forma como os clientes fazem os pedidos. A primeira suspeita, segundo um dos donos, é quando pedem troco alto.
Além disso, quando é cliente novo, fazem a entrega somente com a maior quantidade de informação possível sobre quem está fazendo o pedido e se o local de entrega possui ponto de referência. Os donos também perguntam aos entregadores se o local é conhecido e se há riscos.
“Quando ligam e pedem troco alto a gente já não vai. A gente entrega cedo também. Depois de um certo horário, há bairros que não vamos mais, mesmo conhecendo o cliente. Tem pessoas que decidiram buscar no local depois que anunciamos não fazer mais as entregas”, explicou um motoboy que não quis se identificar.
Outro item de prevenção são os rastreadores de veículos. Assim, em caso de assaltos, existe a possibilidade de recuperar o veículo. Alguns estabelecimentos chegam a fazer seguro para as motos. Outros usam motos antigas para não chamar a atenção dos bandidos.
“Eu coloquei motos velhas porque, a maioria dos roubos de moto, eles usam para fazer assaltos na cidade. Então, se ele [o bandido] ver uma moto minha ele não vai querer por ser velha e não vai querer ficar no prego sem gasolina”, ressalta o dono de uma lanchonete que não quis ser identificado.
Todos os donos entrevistados dizem que já foram roubados pelo menos uma vez. Ao G1, um motoboy que não quis ser identificado, relatou que foi vítima de uma emboscada e que um suposto cliente fez um pedido em uma rua do bairro Cidade Nova, em Rio Branco, que não tinha saída deixando ele encurralado.
“Quando percebi que não tinha saída já era tarde e o assaltante estava se aproximando. Há lugares que fazemos entrega até umas 20h, mas depois de 22h não entramos mais. Infelizmente vivemos com medo. A gente sai orando para voltar sem ter nenhum problema”, relatou o motoboy.
Em um dos casos noticiados pelo G1, em janeiro deste ano, um entregador foi abordado por dois homens armados quando voltava de uma entrega também no bairro Cidade Nova.
A direção do estabelecimento explicou ao G1 que já havia cogitado a possibilidade de não fazer a entrega no bairro, mas o pedido era para um cliente antigo que também tinha uma barca para devolver.
O estabelecimento ressarciu o entregador, que trabalhava com veículo próprio e suspendeu a entrega por tempo indeterminado.
A proprietária da empresa disse que eles permanecem com o serviço de delivery, mas afirma que mantém a atenção na hora de levar os pedidos. Além disso, pede aos clientes que compreendam quando o estabelecimento não atende em determinado bairro.
“Não tem como deixar de entregar porque representa quase 50% do que a gente vende. Infelizmente, eu já vi cliente reclamando em grupo, nas redes sociais, de lanches não fazer entrega em um bairro. Mas eles também precisam entender que a gente tem que manter a nossa segurança e a do nosso entregador”, finaliza a empresária.