Morador paga maioria da obra com dinheiro de aposentadoria, segundo esposa. Obras começaram em janeiro e devem ser finalizadas ainda em abril.
Moradores do Ramal do Mutum, em Rio Branco, decidiram tirar dinheiro do próprio bolso para construir uma ponte no km 22 do ramal que liga a comunidade à zona rural da capital acreana. Ao G1, os moradores afirmaram que não possuem uma média de gastos com a obra que está em andamento desde janeiro deste ano.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura, na sexta-feira (4), mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
A ponte possui cerca de 17 metros. A moradora Teresa Viana de Souza Brito relata que a maior parte dos gastos foi custeada pelo marido dela que paga com o dinheiro da aposentadoria e também conta com a ajuda do filho. Outros moradores ajudaram com cerca de R$ 200 e a maior parte da comunidade auxilia como pode com a mão de obra.
“Sem a ponte tinham feito um desvio, mas, devido às chuvas, a água acabou levando tudo. Os trabalhos na ponte também foram paralisados por causa da chuva, mas agora estão finalizando”, relata Teresa.
Indignada, a mulher relata que sem a ponte o acesso à zona urbana da capital fica ainda mais difícil e não podem escoar a produção de peixes, agrícola e nem ajudar os idosos em casos de emergência.
Sem assistência da prefeitura, o filho de Teresa conseguiu um trator para carregar madeira para a ponte e também melhorou a situação dos atoleiros no ramal.
“Cansamos de esperar, ninguém faz nada pela gente. Há um idoso hipertenso aqui na comunidade, se ele precisar de socorro a situação é complicada. Tinha um outro acesso, mas devido aos atoleiros não tem como passar, além de ficar muito longe”, conta.
Odilon Marcelino ajuda na construção da ponte. Ele conta que mora no ramal há três anos e nunca recebeu apoio da prefeitura. Ele trabalhou na parte de serragem da madeira para fazer a ponte. Segundo ele, ao menos quatro pessoas ajudam na construção.
“O seu Inácio que pagou a outra pessoa para serrar a madeira junto comigo. Estamos trabalhando há meses pois também temos que fazer paradas, trabalhar fora e conseguir o ganha pão”, explica.
Para o morador, a situação é triste e reclama da falta de apoio. “A prefeitura nunca ajuda quem realmente precisa nos ramais. A gente tem que fazer, pois se não fizermos ficamos sem nada. A ponte é usada para tudo, é a nossa única via”, lamenta.