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Em um ano, casos de dependência química atendidos por núcleo do MP-AC sobem de 35 para 130

No ano passado, foram mais de 870 atividades no total. Natera diz que Estado precisa investir em unidades de saúde mental.


Comparado a 2016, o Núcleo de Atendimento Terapêutico Psicossocial em Dependência Química (Natera) teve um aumento de 95 casos atendidos. De acordo com o núcleo, em 2016, foram 35 casos contra 130 de 2017.


Esse número, segundo o Natera, é relacionado a casos individuais. Mas, ao todo, no ano passado foram 875 atividades, que englobam acompanhamentos, atividades educativas, estudo de casa e outras coisas.


No começo desse mês, o G1 acompanhou o caso de um adolescente que vive nas ruas e não consegue deixar as drogas. Em entrevista ao G1, o coordenador http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo do Natera, o assistente social Fábio Fabrício, diz que o aumento nos casos está ligado também ao aumento da população de rua.


“O trabalho do Natera é o direcionamento dessas pessoas para o atendimento público muncipal e estadual. O serviço é voltado para toda família. É claro que muitas vezes pelo histórico com drogas, inclusive criminal, não têm mais contato com as suas famílias”, explica.


Ele diz ainda que as pessoas em situação de rua muitas vezes têm problemas de saúde mental por conta do uso do álcool e drogas. “Ou são regressas do sistema prisional. Então, a própria ligação familiar já está fragilizada ou rompida”, pontua o coordenador.


Saúde pública

O foco do Natera, no entanto, é cobrar medidas governamentais para que os problemas sejam sanados e essa população devidamente atendida nas unidades de atendimento em saúde.


“Álcool e drogas, no primeiro aspecto, é um problema de saúde pública e nós lutamos para que esses serviços públicos sejam estruturados. Não temos uma rede solidificada de saúde mental, ainda temos a fragilidade desses serviços de saúde pública ou da falta de compreensão”, estabelece.


Fabrício destaca ainda a importância das comunidades terapêuticas, mas enfatiza que essa alternativa não pode substituir a responsabilidade do poder público na oferta de serviços para os viciados.


“A droga não pode ser vista como um aspecto de conduta moral. Tem gente que consegue mudar através da espiritualidade, mas tem outras pessoas que não. E pra essas outras, que tem sido a maioria da população, tem que ter uma rede de suporte e essa rede nem sempre está tão disponível como nós queríamos e aí que vem o trabalho do MP, que é induzir políticas públicas nesse campo”, enfatiza.


O coordenador do Natera diz ainda que muitas vezes o paciente vê no uso das drogas uma espécie de escape.


“A droga, muitas vezes, é uma questão de suportabilidade da vida. Não é porque a pessoa não tem Deus no coração ou porque não se ama. Pelo contrário, se amam tanto que querem suprir as necessidades mais internas e a droga é uma maneira de suportar”, pontua.


Fabrício destaca ainda que é necessário respeitar a perspectiva religiosa das comunidades terapêuticas, mas também é essencial o investimento do poder público na saúde mental do estado.


“Aualmente, o MP tem feito uma análise das contas na saúde mental, dos investimentos da rede psicossocial, das verbas federais, orçamento municipal e estadual para que isso possa configurar como um direito da população e um dever do Estado”, finaliza.


Coordenador do Natera fala sobre a dependência das pessoas com vícios nas ruas  (Foto: Tácita Muniz/G1)

Coordenador do Natera fala sobre a dependência das pessoas com vícios nas ruas (Foto: Tácita Muniz/G1)


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