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Dólar sobe para R$ 3,55 com preocupações de alta de juros nos EUA

O índice Ibovespa, das ações mais negociadas, fechou em baixa de 1,82%, para 84.547 pontos


perspectiva de uma alta adicional em dezembro nos juros americanos levou o dólar ao patamar de R$ 3,55 nessa quarta-feira (2), o maior nível desde junho de 2016. Na Bolsa, as ações do Itaú Unibanco caíram quase 4,5% com uma avaliação ruim de alguns itens do balanço do banco no primeiro trimestre.


O índice Ibovespa, das ações mais negociadas, fechou em baixa de 1,82%, para 84.547 pontos. O volume financeiro foi de R$ 11,7 bilhões, contra média diária de R$ 11,04 bilhões no ano.O dólar comercial teve alta de 1,28%, para R$ 3,550, maior nível desde 2 de junho de 2016, quando fechou a R$ 3,588.


O dólar à vista, que fecha mais cedo, teve alta de 1,02%, para R$ 3,543. A alta da moeda americana se deu globalmente: 30 das 31 principais divisas do mundo perderam força ante o dólar nesta sessão.


A valorização do dólar ocorreu após o banco central americano indicar que a inflação no país pode se aproximar da meta de 2% ao ano, o que daria suporte a uma alta adicional de juros nos Estados Unidos neste ano. O mercado estimava mais dois aumentos, um em junho e um em setembro. Agora, os analistas passaram a vislumbrar a possibilidade de uma alta em dezembro.


“Foi a principal notícia que pesou nos mercados de uma maneira geral, não foi um movimento exclusivo de Brasil. O dólar se valorizou principalmente em relação a emergentes com as apostas nesse terceiro aumento em 2018”, afirma Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos. “Esse comentário da inflação gerou preocupação, com a indicação de que está monitorando de perto o desenvolvimento da inflação no país, por causa da melhora também de indicadores da economia americana.”


Nesta quarta, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manteve a taxa de juros na faixa entre 1,5% e 1,75% ao ano, em decisão unânime. Em comunicado, o comitê de política monetária do Fed disse que a inflação “foi para perto” de sua meta e que “em 12 meses ela deve ficar perto do objetivo do Comitê de 2% no médio prazo”.


Desde que assumiu o cargo, em fevereiro, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, defende uma postura moderada para a política monetária dos EUA, com o aumento gradual de juros em um cenário de economia forte, mas que ainda não gerou pressões inflacionárias.


O comunicado do Fed não cita os riscos econômicos apresentados pelas tensões comerciais entre os EUA e outros países, particularmente a China, por causa da imposição de tarifas à importação de aço e alumínio. Membros do Fed já comentaram sobre o potencial impacto negativo, mas adotaram a postura de esperar para ver.


O Banco Central brasileiro não fez intervenção no mercado cambial, mesmo com o dólar a R$ 3,55. Em junho, vencem US$ 5,65 bilhões em contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro).


Nesta quinta (3) vencem US$ 2 bilhões em leilão de linha, que é a venda de dólares com compromisso de recompra. O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote do país, teve alta de 2,75%, para 181,5 pontos. Os contratos mais negociados de juros futuros subiram. Os DIs para abril de 2018 avançaram de 6,242% para 6,250%. Os DIs para janeiro de 2019 tiveram alta de 6,225% para 6,255%.


AÇÕES


As ações do Itaú Unibanco e de sua holding, Itaúsa, pesaram na Bolsa brasileira nesta sessão. Os papéis do Itaú recuaram 4,53%, apesar da alta de 3,9% do lucro no primeiro trimestre. A Itaúsa perdeu 5,95%.


Em relatório, a Guide avalia o resultado como positivo. “Esperamos que o banco continue apresentando crescimento robusto no lucro, mantendo o retorno sobre o patrimônio acima dos 20% [22,2% no trimestre], patamar bastante positivo tendo em vista o atual cenário econômico em recuperação ainda gradual”, indica o relatório.


A Guide vê ainda maior redução das despesas com provisões de perdas por calote de clientes. “Mantemos uma visão positiva para o ativo e esperamos que a expansão de sua carteira de crédito compense os impactos da Selic mais baixa sobre a intermediação financeira.”


Rafael Passos, analista da Guide, ressalta que o resultado veio em linha com o esperado. “O único ponto de atenção é com relação à expansão da carteira de crédito, que está mais lenta que o guidance [projeção de crescimento entre 4% e 7% no ano] e o que vínhamos esperando”, diz.


Já Roberto Indech, da Rico, vê a queda das ações do Itaú como “uma boa oportunidade de compra para investidores que pensam no longo prazo”. Ainda no setor financeiro, as ações preferenciais do Bradesco caíram 2,57%, e as ordinárias perderam tiveram baixa de 1,6%. O Banco do Brasil teve queda de 1,85%. As units – conjunto de ações – do Santander Brasil perderam 3,18%.


As maiores altas do Ibovespa foram registradas pelas ações ordinárias da Eletrobras, que subiram 4,46%. As preferenciais avançaram 2,19%. A alta ocorreu após o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizer que pediu ao governo uma estimativa dos votos que tem para eventualmente aprovar o projeto da privatização da estatal.


A Petrobras teve queda, em dia misto para os preços do petróleo. As ações mais negociadas caíram 1,61%, para R$ 22,60. Os papéis com direito a voto recuaram 0,24%, para R$ 24,57. A mineradora Vale subiu 0,08%, para R$ 48,71. Com informações da Folhapress.


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