Prefeito diz que ambulantes de fora estavam praticando preço abaixo do mercado e que não sabia que vendedores eram de fora. Ambulantes dizem que pagaram alvará.
Um grupo de 20 camelôs estrangeiros foram surpreendidos com a suspensão da feira que iniciaram na segunda-feira (28), no Centro de Cruzeiro do Sul. Eles alegam que pagaram cerca de R$ 2,5 mil para a Secretaria de Administração pelo alvará de funcionamento da feira e agora a prefeitura os fez sair do local.
Na manhã desta terça-feira (29), os estrangeiros continuavam na praça, alegando que não haviam recebido o valor das taxas pagas. Radicado no Brasil já há 10 anos, o microempresário senegalês Mountakha Seck, um dos líderes dos camelôs, exigia o reembolso da taxa paga.
“Trabalhamos em todo o país. Só que os comerciantes foram em cima da prefeitura devido nossos preços. O prefeito disse que não sabia de nada. Como ele não sabia que estávamos aqui se temos um alvará. Toda nossa mercadoria tem nota fiscal e pagamos os impostos”, reclama.
Ele alega que a secretaria autorizou que a feira ocorre no local por oito dias. “Pagamos o alvará que nos foi cobrado. Tivemos muitas despesas de São paulo a Cruzeiro do Sul. Trabalhamos em todo o país. Só que os comerciantes foram em cima da prefeitura devido nossos preços”, diz.
O prefeito Ilderlei Cordeiro confirma que os empresários locais reclamaram da feira porque estariam sendo prejudicados devido aos preços baixos. Cordeiro diz ainda que resolveu sair em defesa dos empresários.
“Pedi perdão a eles. Eu não estava na cidade quando eles procuraram a prefeitura. Achei que fosse uma feira do Sebrae, mas são vendedores de fora, que pagaram uma taxa para terem o direito de venda. Eu não liberaria esse tipo de venda, pois vai prejudicar nosso comércio”, destaca.
O prefeito diz que autorizou a devolução da taxa paga e que pediu que os ambulantes fossem a outros municípios.
Fiscais da Coletoria Estadual, policiais militares e civis, fecharam a feira e causaram reclamação da população. A estudante Laila da Silva, de 18 anos, acredita que há lugar para todos venderem seus produtos.
“Acho isso ridículo. Eles têm o direito de vir aqui e vender roupas baratas, coisas que a gente compra tudo mais em conta. Nas lojas, tudo caro. Acho bom que eles tenham vindo para a gente comprar mais”, diz.
Outro que também defendeu a presença dos estrangeiros foi o funcionário público Alex Silva Paixão, de 21 anos.
“O prefeito conversou com os empresários e quer impedir os camelôs de vender aqui na praça. A prefeitura cobrou mais de R$ 2 mil de taxa. Como eles viram que havia muita gente comprando dos camelôs decidiram não deixar eles venderem”, conta.