Menina contraiu a doença em 2016 e perdeu o irmão e a cunhada para a doença. Francisca Adriele vai à médica mensalmente.
Em coração que voltou a bater 100%. Esse é o atual quadro da adolescente Francisca Adriele da Costa, de 14 anos. A menina contraiu a doença de Chagas após beber açaí – ela e mais sete pessoas da família foram acometidas pela doença.
Na época, o irmão dela, Francisco Maian da Costa, de 18 anos, e cunhada Celiana Silva, de 17, morreram após complicações da doença. Já Francisca, que tinha 12 anos na época, ficou 45 dias internada, destes, 18 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A família ingeriu o barbeiro ao produzir açaí na comunidade que moram em Nova Cintra, em Rodrigues Alves.
Atualmente, a garota passa por avaliação mensal com uma cardiologista que a acompanha há dois anos. A lesão no coração causada pela doença foi revestida e os batimentos, que chegaram a ficar em 29%, hoje estão completamente normais.
O tratamento inclui quatro pílulas por dia e uma alimentação sem gordura e muito sal.
“Graças a Deus estou viva. Na escola minha vida segue normal. Apesar do período que fiquei afastada devido a doença, consegui ser aprovada e sigo em frente”, conta.
A experiência fez com que a adolescente alimentasse o sonho de ser médica. Ela acredita que assim poderia ajudar outras pessoas. “Quando crescer quero ser médica como a doutora Joseane [médica dela] para ajudar a salvar vidas como ela salvou a minha. A doutora é minha inspiração”, diz.
A adolescente revela ainda que no início do tratamento sentia muitos sintomas da doença. Dois anos após ter sobrevivido a doença, ela está otimista e disposta. Os cuidados também foram redobrados.
“Não me alimento como antes. Minha comida é sem gordura, com pouco sal e mudou minha rotina de vida. No começo da doença não me incomodava, mas depois da morte do meu irmão fiquei com muito medo. Temia morrer como ele e a esposa”, revela.
A cardiologista que acompanha a jovem, Joseane Tonussi diz que o caso foi tratado como um surto familiar e que, inclusive, foi tema do seu mestrado. Ela explica ainda que se o diagnóstico não tivesse sido rápido, Francisca poderia não ter sobrevivido.
“Se se não tivéssemos descoberto que a causa do problema dela era doença de Chagas, teríamos tratado apenas a insuficiência cardíaca, pois chegou ao hospital num quadro muito grave. Mas, por ter vindo de uma área onde a família já tinha caso doença de Chagas, pensei no quadro e iniciei o remédio específico para matar o bichinho dentro do organismo dela”, relembra a médica.
A mortalidade para esse tipo de doença é de 90%, segundo Joseane. Porém, em crianças e adolescentes, se o diagnóstico for rápido, a doença pode ser controlada.
“Que é o que está acontecendo com a menina. No primeiro momento, o coração dela ficou batendo 29% e atualmente está normal. Ela saiu de um quadro gravíssimo para um de normalidade no coração”, garante.
A família continua residindo na comunidade Nova Cintra, no interior de Rodrigues Alves e mensalmente se desloca a Cruzeiro do Sul, onde fazem acompanhamento mensal com a médica cardiologista.