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Abandonada pelo marido, mulher trabalha descarregando caminhões para sustentar três filhos no interior do Acre

Quando o primeiro filho dela nasceu, há 10 anos, o homem foi embora. ‘Tenho que ser exemplo para os filhos’, diz.


Mãe de três filhos, Maria Nágila da Silva, de 29 anos, também teve que desenvolver o papel de pai das crianças. Há 10 anos, o marido a abandonou e ele teve que sustentar a casa.


Ela recebe Bolsa Família de R$ 200 por mês e o restante do sustento da família retira do trabalho que exerce como estivadora, descarregando caminhões.


Maria Nágila diz que sofre preconceito por trabalhar no meio de homens, mas tem orgulho da sua profissão. Segundo ela, sua dedicação ao trabalho é para dar exemplo aos filhos sobre a importância do trabalho. Os filhos têm 14, 11 e 10 anos.


“Dizem que a família é a base de tudo, trabalho para ser exemplo para eles. Sou mãe e pai para meus filhos, porque já passamos muitas dificuldades. O pai deles foi embora quando meu filho de 10 anos nasceu e nunca mais tivemos notícia dele. Nenhum dos meus filhos conhece o pai”, conta.


Mesmo que seja uma função cansativa e dominada pelos homens, ela diz que consegue desenvolver as atividades tranquilamente. “Com a ajuda de Deus supero essas dificuldades, olho para os meus filhos e sei que preciso colocar alimento dentro de casa, vestir, calçar e comprar material escolar. É cansativo”, diz.


A rotina dela começa às 5h, quando acorda o filho de 10 anos para ir ao colégio para depois ir trabalhar, os outros ficam em casa. Tem empresas que pagam por nota entregue, outras pagam R$ 18 reais por tonelada descarregada.


“Só que essa renda não é fixa, não é todo dia que tenho trabalho. Tem semana que trabalho todos os dias e só retorno para casa no final do dia, em outras não. Minha renda depende de quantos caminhões descarrego por semana. Hoje trabalho para umas 10 empresas”, conta.


Nágila diz ainda que para ir trabalhar, quando os filhos eram menores, ela teve que deixá-los no educandário porque não tinha com quem deixá-los. Mas, hoje isso foi superado.


“Hoje sou feliz pela profissão que tenho. Tenho que ser exemplo para os filhos, mostrar que preciso trabalhar para levar a alimentação para dentro de casa, ensinar os filhos o valor do trabalho”, garante.


Dirlândio Silva de Oliveira, de 22 anos, é sócio de uma distribuidora de estivas em Cruzeiro do Sul. Para ele, a mulher é um exemplo.


“Não tem tempo ruim. Faz um trabalho diferente, trabalha no meio de homens e não deixa nada a desejar, carrega coisas pesadas como qualquer homem. Se duvidar ela faz trabalho melhor do que muitos homens que vêm descarregar aqui”, pontua.


Natural de Minas Gerais, o motorista de caminhão, Alexandre Madeira, de 40 anos, diz que a mulher é conhecida na cidade pela garra e pela dedicação que tem pelos filhos.


“É um exemplo de mãe e para todas as mulheres. O trabalho dela mostra que a mulher pode ocupar qualquer lugar na sociedade, basta querer. Só trabalho com ela. Antes de chegar aqui já ligo acertando dia e hora das entregas”, finaliza.


Nágila disse que sofre preconceito, mas consegue superar esses detalhes  (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Nágila disse que sofre preconceito, mas consegue superar esses detalhes (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)


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