Nº de casos de malária pode ser 2 vezes maior do que o registrado em Cruzeiro do Sul, diz pesquisador

Subnotificação estaria ligada a casos assintomáticos. Em 2017, foram 21 mil casos da doença apenas em Cruzeiro do Sul.


O pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), doutor em Medicina Tropical, Pablo Serato, afirma que os casos de malária em Cruzeiro do Sul podem ser duas vezes maiores do que os registrados pela Saúde municipal.


O estudioso, que pesquisa sobre a malária há 12 anos, esteve na segunda maior cidade do estado para participar de um seminário sobre a doença. No ano passado, só em Cruzeiro do Sul foram registrados 21 mil casos de malárias, do total de 35 mil registros no Vale do Juruá.


“O município depende da busca passiva. O indivíduo, ao sentir os sintomas, procura a unidade saúde para fazer o exame. Quando dá positivo ele toma a medicação. Mas há uma mudança no perfil epidemiológico da malária. Existem muitos casos assintomáticos, o que pode aumentar em muito os números da doença. Existem pesquisas que mostram que o número de casos da malária pode ser duas vezes maior do que o relatado”, explica.


Ele diz ainda que em 2013 foi feita uma busca reativa em Acrelândia, no interior do Acre, onde foi detectado esse aumento.


“Acredito que se mudar a estratégia de busca ou diagnóstico, provavelmente o número é duas vezes maior que os casos notificados atualmente aqui no Juruá”, destaca.


O doutor cita ainda os principais fatores que tornam a região como sendo uma das que mais registram casos da doença.


“A natureza da região é propícia ao aumento no número de vetor. Outra coisa que atrapalha é a municipalização do serviço de endemias – que trouxe redução no número de agentes e microscopista, que diminuiu a estrutura de busca dos casos. Não existe hoje o número pessoas necessárias a fazer a buscas nas comunidades”, pontua.


Por último, ele cita a mudança no perfil epidemiológico. “Pessoas são assintomáticas, não sentem os sintomas da doença e permanecem em casa como agentes infecciosos e, quando procuram tratamento, já transmitiram a doença para outras pessoas”, finaliza.


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