Estudante morta em assalto no AC havia abandonado medicina para cuidar da mãe com câncer e vendia ovos de codorna

Abalados e revoltados, os familiares da estudante Emanuela da Silva Souza, de 33 anos, estiveram no Instituto Médico Legal (IML) para liberar o corpo dela.


A mulher foi assassinada por dois assaltantes na noite desta segunda-feira (2), na Avenida Antônio da Rocha Viana, próximo ao Horto Florestal, em Rio Branco.


Após roubarem a moto, os dois atiraram na vítima e fugiram com a motocicleta dela. Ela teria tentado reagir e foi atingida nas costas, morrendo no local.


O veículo foi encontrado logo após o crime próximo ao Teatrão. De blusa preta e semblante abatido, a professora Vânia Souza, de 41 anos, irmã da vítima, disse que quer justiça e que os responsáveis pelo crime sejam encontrados.


“Ela tinha ido deixar uma amiga no [bairro] Esperança. Na volta iria para o Ifac [Instituto Federal do Acre]. Queremos saber quem foi, tudo ainda está muito misterioso. É um monte de sentimento que se mistura. Ela era uma pessoa tão guerreira, a pessoa que fez isso matou o sonho da minha irmã”, contou entre lágrimas.


Ainda segundo a família, Emanuela era formada em técnica de segurança do trabalho, gestão ambiental e tinha interrompido recentemente a faculdade de medicina, na Bolívia, para cuidar da mãe que tinha câncer. Porém, a mãe dela morreu da doença há um mês.


“Perdemos nossa mãe há um mês e pouco. Moro no interior, em Boca do Acre, e minhas filhas moravam com ela para estudar. Soube através dos grupos de notícias. Cheguei ao amanhecer aqui”, relembrou.


Vânia revelou ainda que a estudante vendia ovos de codorna para pagar o aluguel e ajudar nas demais despesas. Emanuela estava desempregada no momento.


“Ela descascava os ovos e vendia para pagar o aluguel. Estava no oitavo período de medicina na Bolívia. Devido às dificuldades com minha mãe, ela teve que voltar. Enquanto isso não parava, já tinha feito gestão ambiental. Tinha quatro cursos”, revelou.


Sobrinha passou no local

A jovem Emily Lorena, de 23 anos, estava a caminho da universidade quando passou em frente ao Horto Florestal e viu a movimentação. Ela disse que não parou para ver o que era, mas antes de chegar ao destino recebeu a ligação de uma amiga da tia. Emily era uma das sobrinhas que moravam com Emanuela.


“Vi um movimento, mas nunca ia imaginar. Ia chegando na Uninorte quando a amiga dela ligou avisando. Tinha ligado para o telefone dela, mas ninguém tinha atendido. A amiga dela ligou dizendo que ela tinha sofrido um assalto. Ela sabia, mas não quis dizer”, lamentou.


A sobrinha acredita que a tia não reagiu ao assalto. Para a família, os bandidos se atrapalharam na hora de pegar a motocicleta.


“Acho que se assustou. Primeiro que devem ser uns ladrões muitos amadores. Atiraram sem saber. Deixaram a moto abandonada, porque não pegou. Acho que atirariam no capacete ou na mochila dela”, diz.


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