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Criança fica sem ir à aula e mãe que cumpre pena no semiaberto envia carta a professora: ‘não temos o que comer’

Mulher é monitorada por tornozeleira eletrônica e pediu ajuda em carta. ‘Quero um trabalho’. Professora diz que aluno sempre pergunta que ‘horas é o lanche’.


Em uma carta enviada a professora do filho de 4 anos, Meyre Aparecida da Silva, de 22 anos, diz que o menino não está podendo ir à aula porque ela não tem trabalho e a criança está sem se alimentar direito. O caso ocorreu em Cruzeiro do Sul.


Meyre é monitorada por tornozeleira eletrônica e está desempregada. Ela foi presa há cerca de três meses ao tentar entrar com droga no presídio Manoel Neri. Na carta, ela diz que o filho ‘não está tomando café’ e os dois estão passando por dificuldades.


“Por isso fiquei quase uma semana sem mandar meu filho para a escola. Teve um rapaz que ficou sabendo e deixou um sacolão. Estou desempregada há mais de 4 meses. Preciso de ajuda para manter meu filho. Qualquer ajuda com roupas e alimentos é bem-vinda. Quero um trabalho para tirar nosso sustento”, disse Meyre ao G1.


A carta emocionou a professora Sarah Araújo.


“É um aluno que sempre que chega pergunta que horas é o lanche e aproveita bem o lanche servido. Quando li a carta fiquei emocionada. Tenho um grupo de pais dos meus alunos e resolvi compartilhar e a carta chegou às redes sociais. Algumas pessoas me ligaram querendo informações e pedi que procurassem a direção da escola”, contou a professora.


Carta foi enviada para a professora em Cruzeiro do Sul  (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

Carta foi enviada para a professora em Cruzeiro do Sul (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)


‘Pior decisão que tomei’, diz mãe

Meyre diz que está separada do pai da criança. “O pai do meu filho também está desempregado e diz que não tem como pagar pensão”, conta.


Ela relembra o dia em que foi presa por tráfico de drogas. “Tenho um irmão na prisão que fez uma conta com drogas dentro do presídio. Um dia eu e meu filho estávamos comendo apenas farinha com açúcar. Uma mulher me ligou dizendo que pagava a conta do meu irmão e me dava um dinheiro. Aceitei a proposta, recebi o dinheiro, comprei alimentos para meu filho. No dia seguinte fui pega tentando entrar com droga no presídio”, diz.


Ela garante que está arrependida e que essa foi a pior decisão que tomou na vida.


“A droga estava num bolso falso de uma bermuda que me foi entregue na entrada da penal. Essa foi a pior decisão que tomei na vida. Sempre fui honesta e trabalhei. Hoje as pessoas me olham e julgam. Não pensam no que passei para tomar aquela decisão. Me arrependo demais do que fiz. Não conhecia a mulher que me entregou a droga. Quero ajuda para viver dignamente. Estou no monitoramento eletrônico e preciso arrumar um trabalho”, apela.


A mulher vive em uma pequena casa construída próximo ao igarapé Boulervar, no bairro Floresta.


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