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Crédito para financiamento de imóveis cai pela metade

volume de crédito destinado ao financiamento de imóveis com dinheiro da poupança caiu pela metade no último ano, na comparação com 2014, antes da crise econômica e quando esses recursos atingiram patamar recorde.


O montante acumulado para financiar a compra e a construção da casa própria em 2017 foi de R$ 83 bilhões, ante os R$ 168 bilhões de três anos antes, segundo dados do Banco Central, em valores reais, já considerado o IPCA (índice oficial de inflação). Os números de 2017 representam a terceira queda seguida do volume de financiamento.


“Com a queda recente dos juros, seria razoável que começasse a ter uma recuperação do crédito imobiliário em 2017, em relação a 2016. É surpreendente que tenha continuado caindo”, analisa o economista Armando Castelar, coordenador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).


O consumidor só deve recuperar aos poucos a disposição para comprar um imóvel, e a tendência, segundo analistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo,  é que os bancos fiquem menos retraídos para emprestar em 2018 do que estavam no ano passado.


Parte importante da explicação para o recuo do crédito imobiliário está na situação da Caixa Econômica, o banco da habitação. Sem capital para cumprir regras internacionais de proteção, o banco estatal reduziu os financiamentos e aumentou os juros. “Ela tem 70% do mercado, mas não tem capital para continuar no ritmo pré-crise”, diz José Carlos Martins, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Para Miguel Oliveira, da Anefac (associação de executivos de finanças), as dificuldades pelas quais a Caixa tem passado devem limitar a oferta de juros menores para o consumidor.


Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o banco estatal foi ultrapassado pelos concorrentes na concessão de crédito com recursos da poupança. Em nota, a Caixa diz que estuda diminuir a taxa de juros do financiamento.


Lenta recuperação


O desemprego, ainda em dois dígitos, é apontado como um dos fatores que mais atrapalham a alta do crédito. A desaceleração do financiamento acompanhou a alta do desemprego, que subiu da casa dos 6% para mais de 13%.


Nos anos recentes, quem estava empregado tinha receio de embarcar em uma dívida que pode se estender por mais de 30 anos. Quem perdeu o emprego não conseguia mais financiar.


O veterinário Erick Almeida, de 32 anos, teve de morar com a mãe por mais tempo. Ele havia começado a pagar um imóvel na planta, até perder o trabalho, em março do ano passado.


“Depois de dois meses procurando uma outra vaga, desisti do imóvel. Sabia que quando o edifício ficasse pronto e o financiamento fosse repassado para o banco, não me aceitariam.”


Também pesou a perda de recursos da caderneta de poupança, que havia ficado menos atrativa para o investidor com a alta dos juros no fim do governo Dilma Rousseff, diz Martins, da Cbic. Para analistas, porém, a tendência é que muitas famílias que não conseguiam contratar um financiamento agora sejam atraídas pelos juros básicos em seu nível mais baixo. Com informações do Estadão Conteúdo.


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