Jovem não sofreu mais ataques racistas, mas família pede providências. Pai alega que o caso caiu no esquecimento.
Passados seis meses do caso de racismo contra uma estudante indígena no Campus Floresta, da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Cruzeiro do Sul, o autor das ofensas racistas escritas em uma carta ainda não foi identificado.
A estudante de pedagogia Kethyla Taiane Shawanava de Almeida foi surpreendida, em outubro do ano passado, com uma carta deixada para ela com ofensas racistas.
“Não sei quem teve a brilhante ideia de misturar pessoas normais com índios. Porque raça nojenta é essa. Observamos que os professores todos gostam de você, deve ser por ter pena. (…) Tira a tua máscara garota. Deixa de ser essa caboca [sic] nojenta e imunda que tu é”, dizia um trecho da carta.
O caso foi denunciado a Polícia Federal que ficou de investigar a autoria da carta. Gomes Neto, pai da estudante, diz que caso caiu no esquecimento por parte da UFAC e PF
“Infelizmente tudo foi engavetado. Até hoje a UFAC não tomou nenhuma posição, não teve sindicância nenhuma. A PF ficou passando de um agente para o outro e a história morreu. Cheguei a ir a Ufac umas quatro vezes e mesmo assim foi esquecido. Depois disso entendi que não podia fazer nada. Minha filha continua no mesmo curso. Minha outra filha também foi aprovada no Enem e também cursa pedagogia”, conta.
A PF informou que o inquérito não foi concluído ainda, mas que o caso continua sendo investigado e que perícias foram solicitadas.
Neto diz que as filhas não relatam mais nenhum tipo de agressão, mas pede explicação quanto o caso.
“Não é uma questão de identificar ou punir culpado, mas que tivessem feito alguma coisa. Não foi feito nada, nenhuma sindicância. Graças a Deus, elas não relatam nenhuma outra situação semelhante. A mídia deu publicidade e ajudou a colocar um pouco de medo no autor. Nossa família clama que, pelo menos, seja feito algum tipo de procedimento”, diz.
Procurada pelo G1, a acadêmica disse que não gostaria de se manifestar a respeito da carta para não atrapalhar seu relacionamento com os colegas de aula e que entrega tudo nas mãos de Deus.
A assessoria da Ufac não passou informações precisas quanto a carta, limitando-se a informar que foi criada uma comissão composta de dois docentes e um técnico-http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo para investigar a carta e que o procedimento está em andamento. Mas que a comissão, ainda não passou maiores informações quanto ao andamento da investigação.