Bruno Monteiro não comanda mais Humaitá. Ex-gerente do clube relata que técnico foi ameaçado e teve casa invadida. Presidente admite problemas de relacionamento, mas nega ameaça
O Humaitá está sem treinador. O técnico Bruno Monteiro, que comandou a equipe até o último sábado (17), na derrota por 2 a 0 para o Atlético-AC, pela segunda rodada do grupo A no segundo turno do Campeonato Acreano, deixou o comando da equipe no início da semana. O motivo da saída, no entanto, não tem a ver com os resultados da equipe dentro de campo. O treinador, que não se manifestou, teria recebido ameaça de morte por parte de um atleta do elenco do Tourão de Porto Acre, segundo o ex-gerente de futebol do clube, Fabricio Ribeiro, responsável pela contratação de Bruno Monteiro.
– Ele foi ameaçado de morte por um atleta integrante do grupo, que se sentia no direito de jogar, sendo que esse atleta não ia nem treinar, mas exigia titularidade. Essa titularidade acobertada pelo Luan (Luz, vice-presidente e tesoureiro do clube), e pelo presidente Zezinho. Tudo chegou onde chegou por conta da gestão dessas duas pessoas, principalmente do Luan, que acoberta jogador, principalmente os locais. Nós que vivemos do futebol sabemos que um atleta para ter condições de jogo tem que treinar. Esse atleta não vinha treinando, mas se sentia injustiçado por não jogar. Foge da realidade. O atleta está desrespeitando o treinador, os companheiros, a torcida, a competição, que é de alto rendimento – justifica Ribeiro.
Ele lamenta a situação e destaca que o ex-treinador de 26 anos, ficou bastante chateado e fragilizado com o ocorrido, por isso prefere não falar sobre o tema. Além disso, acredita que o fato seja uma ação isolada que não representa o pensamento do povo acreano.
– O Bruno não vai se pronunciar por estar em um momento muito fragilizado, muito chateado. Eu estou me pronunciando porque fui eu que levei ele para o clube e porque ajudo na carreira dele. Não vou dar o nome do atleta. Isso foge da alçada esportiva. É caso de polícia. Sei que isso não é o pensamento da maioria das pessoas do Acre. Estive aí e conheci o pessoal. São pessoas receptivas, educadas, gentis. O que aconteceu foi uma falha de caráter de um sujeito. Isso não pode ser colocado como se a população fosse assim – afirma.
Fabricio Ribeiro revela ainda que o treinador teve a casa invadida no início da semana e, caso estivesse no local, uma tragédia poderia ter sido concretizada no município de Porto Acre, a 78km de Rio Branco. Bruno Monteiro já não está mais no Acre.
– Dois caras invadiram a casa onde o Bruno estava morando para matar ele. A sorte é que ele estava em outro local. Foi a mando desse jogador. Foram armados, pularam o muro da casa onde o Bruno morava. O Bruno foi avisado antes e saiu corrido de lá, levaram ele para outro lugar porque senão teria ocorrido uma tragédia. O Bruno não está mais no Acre. Está na casa dele. Teve que sair fugido. Nem as coisas pessoais dele levou tudo – completa.
Procurado pelo GloboEsporte.com, a direção do Humaitá se manifestou através do presidente, José Lima de Oliveira, o Zezinho. O dirigente admitiu problemas de relacionamento de Bruno Momento com atletas locais, mas negou que tenha ocorrido ameaça de morte ao ex-treinador.
– Ele teve problema de relacionamento com jogadores locais. Ocorreu situação aqui de jogadores locais que sentiram constrangidos por certas atitudes dele. Teve esse desentendimento entre ele e jogadores, não foi só um, mas jogadores locais mesmo. Ele se sentiu ameaçado com a situação e foi embora. Essa a real situação. Ameaça de morte é mentira. Isso não teve. Teve esse problema com jogadores aqui da cidade mesmo, por atitudes do próprio treinador. Foi isso que aconteceu – declara.
Com o preparador de goleiros Ranis Coutinho como técnico interino, o Humaitá encerra a participação no segundo turno do Campeonato Acreano na noite desta quarta-feira (21), contra o Andirá, às 17h30 (do Acre), na Arena da Floresta, em Rio Branco.
Na segunda posição do grupo B com três pontos, o Tourão de Porto Acre precisa de uma vitória por, pelo menos, dois gols de diferença, para evitar que os classificados do grupo sejam definidos nos critérios de desempate, pois chegaria aos seis pontos e ficaria com saldo de dois gols positivos. Assim, mesmo o Plácido de Castro vencendo o Atlético-AC, seja por um ou dois gols de diferença, e as três equipes ficando empatadas na soma de pontos (com seis), o Humaitá garante um lugar nas semifinais no saldo de gols. Se empatar com o Andirá, o Tourão ficará na torcida para que o Plácido não vença o Atlético-AC.