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Servidores com Down defendem inclusão e relatam experiência no mercado de trabalho: ‘melhor parte do dia’

Celenir é recepcionista e Chagas trabalha como auxiliar no setor de protocolo da Aleac. Os dois são os primeiros funcionários com Down do órgão. ‘Somos todos iguais’.


Celenir França Vieira, de 33 anos, e Francisco das Chagas, de 37 anos, decidiram lutar contra o preconceito e realizar o sonho de ingressar no mercado de trabalho. Celenir é recepcionista e Chagas trabalha como auxiliar no setor de protocolo da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), em Rio Branco.


Na data em que é comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down, 21 de março, os funcionários esperam que outras pessoas com Down também tenham a oportunidade de se profissionalizar.


“Me sinto bem, meus colegas de trabalho são a minha família. Eles me ajudam, me fazem rir, são minhas melhores amigas. Meu trabalho é um sonho realizado”, afirma a recepcionista.


Celenir e Chagas foram contratados há um ano, após a resolução nº 208 da mesa diretora da Aleac. O documento determina que 2% das vagas no quadro de cargos comissionados sejam ofertados a pessoas com Down.


“Eu gosto daqui, as pessoas são muito legais, me tratam bem. Fiz amigos e não quero deixar de trabalhar tão cedo”, afirma Chagas.


Como recepcionista, Celenir atende as pessoas no balcão de entrada da Aleac, entrega documentos e passa informações. Ela afirma que nunca sofreu preconceito ou foi maltratada por um colega de trabalho ou outra pessoa que buscou atendimento.


“Eu nunca fui ofendida aqui. Eu me sinto é bem vindo. Se alguém me ofendeu, ou me olhou diferente porque tenho Down eu nunca vi. Dou bom dia e boa tarde a todos, trato todos iguais, somos todos iguais”, destaca.


Chagas diz que não gosta de domingos e feriados, pois não gosta de ficar em casa sem fazer nada (Foto: Quésia Melo/G1)

Chagas diz que não gosta de domingos e feriados, pois não gosta de ficar em casa sem fazer nada (Foto: Quésia Melo/G1)


O auxiliar também diz que nunca foi vítima de preconceito no local de trabalho, mas já foi ofendido por uma mulher na igreja em que frequenta. Mesmo assim, diz que não liga para os comentários e que trabalha com pessoas tranquilas.


“Tem uma pessoa aqui que é como uma mãe para mim. De forma alguma penso em sair, amo o que faço e ainda ganho o meu dinheiro. Para quem tem medo de sofrer preconceito eu digo que o importante é fazer o seu trabalho e não ligar para isso”, aconselha Chagas.


Celenir já havia trabalho na Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e Chagas trabalhou por dois anos na Associação de Pais e Amigos Excepcionais de Rio Branco (Apae). Atenciosos e focados, os dois não gostam de feriados e fins de semana, pois querem trabalhar todos os dias.


“Se eu ficar em casa sem fazer nada eu fico aperreado. Gosto de vir para a Aleac, organizar os jornais, entregar os documentos, ver meus colegas. Essa é a melhor parte do meu dia”, destaca o auxiliar.


Chagas organiza jornais e entrega documentos no setor de protocolo da Aleac (Foto: Quésia Melo/G1)

Chagas organiza jornais e entrega documentos no setor de protocolo da Aleac (Foto: Quésia Melo/G1)


Inclusão

A diretora da Escola do Legislativo Acreano, Rachel Farias, participou da seleção da recepcionista e do auxiliar. Segundo ela, os dois são os primeiros funcionários com Síndrome de Down a trabalhar na Aleac.


“Os familiares de pessoas com Down sempre levantaram na Aleac essa bandeira da profissionalização deles. Pensando nisso, convidamos algumas mães para falar sobre essa seleção e eles foram escolhidos por já terem trabalho antes e terem mais maturidade. O Francisco nos foi apresentado pela Apae e se encaixou no perfil que a gente procurava”, explica.


Dedicação

Rachel afirma que os dois funcionários são muito dedicados e amorosos. Além disso, sempre buscam dar o seu melhor e se esforçam para fazer um bom trabalho.


“Eles sempre querem mostrar mais serviço, são muito disciplinados e gostam de estar ocupados. A gente conversa com os colegas da casa para terem paciência com eles, pois existem algumas limitações, mas quanto à assiduidade, competência não temos problemas”, afirma.


Com o bom exemplo da Aleac, Raquel diz esperar que outros órgãos e também o setor privado contrate esses profissionais. De acordo com relatos dos pais, após começar a trabalhar a imunidade dos dois aumentou, assim como uma melhora na saúde mental.


“Para nós como servidores está sendo muito gratificante recebê-los na Aleac. É muito enriquecedor para nós e para eles. Seria muito bom se outros órgãos também contratassem. Essa profissionalização de pessoas com Down é muito importante e melhora a qualidade de vida deles”, finaliza.


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