Comovidos e revoltados pelas afirmações da Polícia Civil e de pessoas nas redes sociais de que o jovem Renan Barbosa de Andrade, 20, morto na chacina da noite da última sexta-feira (2) no conjunto Novo Horizonte, no bairro da Floresta, era membro de uma facção criminosa denominada Bonde dos 13, a família da vítima veio a público e com exclusividade ao ac24horas negar a vinculação de Renan ao crime organizado.
Durante o velório da vítima que ocorre na Travessa Vidal, Nº 94, a reportagem conversou com o pai de Renan, Márcio Silva de Andrade, que contou como foi à trajetória do filho até chegar ao local da chacina.
“O Renan saiu para ir buscar uma amiga para ir ver seu filho que estava com 15 dias de nascido. Eles passaram na distribuidora compraram algumas coisas e seguiram. Como a amiga dele e ele conheciam as pessoas da casa que estava tendo a festa resolveram ficar um pouco mais de uma hora talvez. Daqui ouvimos os disparos e minha esposa disse, o Renan estava para aquele rumo. Quando liguei no celular dele a moça me avisou que ele tinha sido baleado. Quando cheguei lá ele estava sendo levado para a ambulância do Samu”, conta o pai do jovem.
O pai de forma muita apreensiva e sem dormi desde hora do crime, disse que segundo as testemunhas o homem que atirou em Renan e nas demais pessoas que estava na casa não chegou a entrar na residência. “As pessoas que estavam na rua disseram que o atirador ficou na grade pelo lado de fora e efetuou os disparos, e muitos tiros pegaram no meu filho que ainda correu para a sala da casa. As marcas de bala estavam em seus braços como se estivesse se defendendo dos tiros”, contou Márcio.
De acordo com o pai de Renan , as jovens que morreram também não tem envolvimento com nenhum tipo de facção e acabaram sendo vítimas por estarem no lugar errado e na hora errada. “Meu filho é um trabalhador, nunca teve passagem pela polícia e muito menos mexia com droga ou qualquer tipo de coisas ilícitas. Aquelas meninas também não tinha envolvimento com qualquer tipo de facção”, destacou pai de Ranan.
Segundo Márcio Andrade, a Polícia e as pessoas deveriam ter investigado melhor antes de afirmar que seu filho era integrante de organização criminosa. “Isso machuca mais ainda nesse estado que estamos. Como pai, sei da índole do meu filho. Ele estava se preparando para ser pai. Seria um pai melhor que eu, pelo exemplo que sempre ele teve. O Renan era querido aqui no bairro. Trabalhava como atendente em uma distribuidora, menino feliz, amigo e como vocês estão vendo rodeado de pessoas queridas. O Renan não tinha inimigo não”, afirmou.
Ao ser questionado se ele sabia e se seu filho sabia que na residência foi levantado pela Polícia que se tratava de um ponto de droga ou boca de fumo, Márcio disse que “todo mundo sabia, até a Polícia”, mas que seu filho cresceu conhecendo todo mundo no bairro e isso não o colocava como participante de qualquer tipo de crime. “O atirador tinha o propósito de fazer o mal mesmo, atingindo pessoas que não tem nada a ver com a criminalidade”, finalizou.
No velório, os familiares e amigos de Renan lamentavam o ocorrido e disseram que achavam injusto a Polícia sair afirmando que o jovem era membro de uma facção junto com as pessoas nas redes sociais levando as acusações como verdade sem saber da vida de Renan. “Ficamos muito triste pois conhecemos o Renan e sabemos que ele é um trabalhador e não era envolvido com facções. Todo mundo sabe aqui no bairro como ele vivia e a pessoa tranquila que sempre foi”, disse Josilene Silva, tia do jovem morto.
A família, de acordo com o pai de Renan, vai procurar os seus direitos na justiça contra o Estado pelas declarações da Polícia de que o jovem morto era membro de uma facção.