‘Essa dor vai ficar para o resto da vida’, desabafa pai de uma das jovens morta durante tiroteio no AC

Luana Aragão, de 21 anos, trabalhava com o pai e não fazia parte de facção, segundo a família. Atirador matou três jovens em uma casa no bairro Novo Horizonte.


Ainda abalados com a morte da filha mais nova, os pais de Luana Aragão, de 21 anos, falaram com o G1sobre o dia do crime, que vitimou três jovens no bairro Novo Horizonte, em Rio Branco.


A família conta que tem se sentido incomodada e agredida com apontamentos de que o crime tenha tido ligação com facções criminosas.


O pai da garota, Jucelino da Silva, de 42 anos, disse que a filha trabalhava com ele em uma casa de carne em que ele é o dono. No dia do crime, ele falou que a filha estava na casa da frente porque tinha ido tomar tererê com amigos. Ele conta ainda que estava dormindo quando ouviu os disparos.


Além de Luana, Rafaella Santos, de 17 anos, e Renan Barbosa, de 20, também foram mortos. Os dois chegaram a ser socorridos, mas não resistiram. A quarta vítima, Cleiciane Rodrigues, de 19 anos, foi atingida com três tiros, mas já foi liberada do hospital.


O tenente-coronel da Polícia Militar Elissandro do Vale disse ao G1 que a casa onde ocorreu o tiroteio é uma boca de fumo. Além disso, segundo a PM, outros atentados foram sofridos no local antes do triplo homicídio, mas sem vítimas.


Vale disse ainda que os jovens estavam no lugar errado e na hora errada. O coronel falou que o proprietário da casa e um filho dele estão presos.


A mãe de Luana, Francisca Aragão, conta que chamou a vítima minutos antes do crime. “Ela disse para quando eu fosse dormir chamá-la, porque ela ia trabalhar com o pai no outro dia. Entrei e fui tomar banho. Foi quando ouvi os tiros”, relata ainda muito emocionada.


A garota era a filha mais nova do casal e ajudava o pai a fazer cobranças na empresa dele. Jucelino da Silva diz que em nenhum momento a filha relatou que estava sendo ameaçada. Ele também não acredita que o crime tenha ligação com facções criminosas.


“Minha filha era trabalhadora e há pessoas querendo denegrir a imagem dela, mas a memória dela vai ficar intacta. Todo mundo está chocado, inclusive, não sei como é essa linha de investigação, porque ninguém da polícia nos ouviu. Só meu irmão que fez o boletim de ocorrência depois do acontecido, porque precisava fazer BO para tirar o corpo do IML”, conta.


O delegado Nilton Boscaro explicou que a polícia trabalha com duas linhas de investigações. Uma delas é a briga de facções e uma segunda seria de um crime passional.


“Temos algumas linhas investigativas, sejam por questões pessoais, passionais, como também por membros de uma facção criminosa, dessa guerra que está interiorizada no nosso país. Vamos nos aprofundando nessas linhas e a situação vai se clareando até a gente lançar mão dessas pessoas que cometeram esses crimes”, disse em entrevista ao Jornal do Acre 2ª edição.


O pai da jovem conta ainda que a filha foi morta brutalmente por estar no local errado. Silva também disse que a menina não tinha inimigos e pede que a justiça seja feita.


“Onde minha filha chegava contagiava todo mundo com a alegria e o sorriso dela. Sou evangélico e oro pela Justiça de Deus, porque sei que meu Senhor vai fazer a justiça que é para ser feita. Agora digo que as autoridades têm que olhar mais, você paga seus impostos e você não tem direito de andar livremente, não tem direito de estar em uma área, porque pode morrer a qualquer momento”, desabafa.


Ele falou ainda que não é incomum ver marcas de tiros nas casas dos vizinhos. “Todo tempo está morrendo inocente, quando isso vai parar?”, questionou.


Sobre os assassinos da sua filha, Silva disse que espera vê-los presos e ter uma resposta sobre esse crime que acabou com a vida da sua filha e também de outros dois jovens.


“Peço a Deus todos os dias que sejam punidos severamente, porque nada que eu disser, nada que acontecer, vai trazer minha filha de volta. Essa dor vai ficar em mim e na minha esposa, na minha família. Essa dor vai ficar para o resto da minha vida. É fácil dizer que foi briga de facção para ser deixado para lá”, finalizou.


Facadas

Luana Aragão já tinha sido atingida com sete facadas enquanto se divertia em um balneário da capital acreana, no dia 22 de maio de 2016. Na época, Luana chegou a falar ao G1 que ela e as suspeitas já tinham discutido antes.


“Estava com uns amigos, minha irmã e minha namorada e, no início da noite, essas duas meninas chegaram e fizeram questão de ficar do nosso lado. Elas ficaram olhando, mexendo com a gente. Depois, desceram e eu resolvi ir até lá com duas amigas para pedir que parassem de perturbar. Quando cheguei, uma delas já deu as facadas nas minhas costas”, disse Luana na época.


Família alega que Luana não tinha ligação com facção criminosa e que foi morta por estar no local errado  (Foto: Arquivo da família )

Família alega que Luana não tinha ligação com facção criminosa e que foi morta por estar no local errado (Foto: Arquivo da família )


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