Latrocínios dos últimos meses apontam a dura realidade dos que são obrigados a viver sem escolta pessoal
Impávido
O governo petista se mantém impassível diante da violência que campeia na capital e nos municípios do interior do Acre, não obstante as reiteradas demonstrações de ousadia de criminosos cujos delitos se tornam cada dia mais e mais implacáveis.
Destemidos
Não bastasse a certeza de que a punição é sempre desproporcional à gravidade dos crimes cometidos, a bandidagem se põe destemida ante as forças de segurança pública, dada a incapacidade desta última em lidar com aquela.
Alvos fáceis
Se antes a guerra era entre membros de facções, com baixas de lado a lado, enquanto a nós, cidadãos desprotegidos, restavam eventuais prejuízos financeiros, atualmente devemos temer por nossas vidas, tão vulneráveis estamos à audácia dos que desdenham das leis e deixaram de temer as autoridades.
Vidas que se vão
Dois casos nos últimos meses chamam a atenção pela crueldade dos assassinos e pelo desassombro com que não apenas pilharam as suas vítimas como também lhes roubaram a vida.
Espetáculo macabro
O primeiro episódio ocorreu no dia 29 de dezembro, no município de Cruzeiro do Sul. O taxista Rodrigues da Silva, de 35 anos, foi abordado por assaltantes, um dos quais filmou toda a ação – que consistiu primeiro na exigência de que entregasse os pertences pessoais, para em seguida transformá-lo em alvo de disparos de uma pistola. Supõem-se que três bandidos participaram do latrocínio, que ocorreu no bairro da Cohab, e resultou em 14 disparos feitos contra a vítima. Rodrigues não resistiu aos ferimentos.
Sem reação
Já o segundo episódio – não menos revoltante que o primeiro – se deu no dia 15 de janeiro deste ano, na Rua 7 de Setembro, no bairro das Placas, na capital. O pizzaiolo Júnior Cesar Pontes da Silva, de apenas 19 anos, morreu após ser baleado no pescoço durante um assalto. O amigo da vítima diz que ele, tal qual o taxista Rodrigues, não reagiu, e ainda assim foi assassinado.
À mercê da bandidagem
O ‘erro’ cometido por ambos foi ter que trabalhar madrugada adentro, a fim de ajudar no sustento da família e manter em cargos bem remunerados os nossos representantes públicos. À mercê da malta sanguinária que infesta os bairros da capital e do interior, ambos ignoraram os sinais de que vivemos uma guerra civil neste estado em que a Polícia Militar recebe pouco mais que a metade dos recursos destinados à Secretaria de Comunicação.
Mapa da Violência
O Mapa da Violência no Brasil revela que entre os anos de 2015 e 2016, o número de vítimas de latrocínio no Acre cresceu 27,9%. Não há dados relativos ao biênio 2016-2017, mas pelas notícias que nos chegaram durante todo o ano passado, é de se concluir que houve uma explosão de registros policiais.
A sete chaves
Da mesma forma que o governador Tião Viana finge ignorar o drama de milhares de conterrâneos que amargam um cotidiano de convivência com os delinquentes mais perigosos, seu governo não revela dados sobre a segurança pública.
Chorumela
E enquanto o governo do Rio de Janeiro respira aliviado com a intervenção do governo federal na segurança pública do estado, o governador e seu irmão, o senador Jorge Viana, preferem a chorumela segundo a qual o responsável pela violência no Acre é o presidente Michel Temer.
Orgulho ou imprevidência?
Não consta sequer que os petistas tenham pedido ajuda da Força Nacional para assegurar a paz dos acreanos, como fizeram outros estados, entre os quais o Rio Grande do Norte e o próprio Rio de Janeiro.
Feliz ano velho
Chame-se a isso orgulho ou descaso, o certo é que nossos governantes atuais – bem mais preocupados com mucuras, capivaras e castanheiras – não parecem muito sensibilizados com o rastro de sangue que nos leva a uma imensa pilha de cadáveres.
Agilidade zero
Fosse tão lépido em garantir que o governo dê respostas à população quanto o é para abrigar aliados sob as asas emplumadas e aconchegantes do serviço público (ou expurgá-los sempre que não atendem mais às necessidades momentâneas), o governador Tião Viana daria uma demonstração de integridade e compromisso com aqueles aos quais fez muitas promessas durante a campanha à reeleição.
Faroeste caboclo
Em menos de duas décadas de PT no governo, o Acre se transformou num verdadeiro faroeste, uma espécie de El Dourado dos que criam as suas próprias regras e as impõem à maioria de nós – tudo sob a mira de suas armas de fogo e sob o olhar indiferente de nossos atuais governantes.