Mãe diz que TFD solicitou exame a hospital de Fortaleza, mas não encaminhou laudo do filho e unidade disse que não sabe qual procedimento deve fazer.
A manicure Sirlândia Albuquerque Machado pede que a unidade de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) em Rio Branco acelere o exame do filho, Carlos Eduardo Albuquerque da Silva, de 11 anos. O menino foi diagnosticado com coagulopatia hereditária e aguarda desde julho de 2017 para fazer o exame em um hospital de Fortaleza (CE).
Ao G1, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) informou que o hospital de fora nunca entra em contato com o próprio paciente, apenas com o complexo regulador de cada estado e que a questão está confusa e vai ser apurada.
O órgão afirma que fez duas solicitações ao hospital de Fortaleza, no Ceará, pedindo a vaga, uma foi feita em 7 de julho do ano passado, mesmo dia em que foi protocolado a solicitação do TFD de Carlos. A outra em 15 de setembro do ano passado, mas continuaram sem resposta.
A Sesacre destacou ainda, que após a demora foi emitida uma solicitação para o Hospital da Criança, em Brasília, de onde aguarda retorno. Essa, segundo a secretaria, é a última solicitação feita para fora do estado no caso da criança.
A mãe explica que recebeu uma ligação do hospital em Fortaleza e a atendente informou que o TFD solicitou o exame, mas não encaminhou o laudo do médico que atendeu a criança no Acre e nem a documentação de Carlos. Por isso, eles não sabiam qual procedimento realizar na criança.
“Eles [direção do hospital no CE] ligaram e perguntaram se eu tinha como entrar em contato com a assistente social que atendeu meu filho para fazer o exame que foi feito no Acre. Falei que não tinha como, eu disse que era mãe e eles falaram que não estavam conseguindo entender o que a médica do meu filho queria, pois o TFD não explicou”, relata.
Sirlândia diz ainda que o TFD pediu apenas o agendamento, mas não enviou nenhuma documentação. Foi a mãe que adicionou o contato da atendente do hospital de Fortaleza no celular e encaminhou, por telefone, o laudo e demais exames da criança. A unidade informou que deveria dar um retorno a ela ainda nesta quinta-feira (18).
“Disseram que a médica de lá iria avaliar e me daria uma resposta. Por enquanto não recebi retorno, mas já procurei o Ministério Público do Acre (MP-AC) e a Defensoria e estou aguardando os encaminhamentos”, destaca.
A mãe conta que Carlos não pode fazer aulas de educação física, jogar futebol, sangra pelo nariz, não pode tomar refrigerante, ingerir arroz ou outras massas. Além disso, ele fica com vários hematomas pelo corpo. Com o resultado do exame, o menino pode começar a fazer o tratamento adequado para a doença e ter uma rotina normal.
A Sesacre explicou que um dos motivos do atraso também foi que em 2017 o Ceará teve um bloqueio nos agendamentos do TFD para pacientes dentro e fora do estado após uma decisão judicial. Nesse momento, o órgão afirma que é necessário aguardar uma resposta de Brasília. Além disso, funcionários do órgão regulador entraram em contato com um laboratório para saber os custos do exame na rede particular e trabalhar a possibilidade de fazer esse exame para a criança.
“Eles [hospital do CE] disseram que nem sabiam qual exame tinham que fazer. Além disso, não podem dar qualquer medicação a ele. A situação é bem delicada. Meu filho não pode nem correr e com esse exame ele poderia ter outra vida, uma vida normal. Esse tratamento é muito importante”, finaliza a mãe.