Em dezembro do ano passado, 20 presos fugiram do presídio de Tarauacá e nove foram recapturados. Iapen diz que empresa suspendeu obras devido fortes chuvas na região e não tem previsão para retorno.
Parte do muro da unidade prisional Moacyr Prado, em Tarauacá, foi derrubada há mais de 40 dias durante obras de ampliação do presídio e, em seguida, a empresa responsável pela revitalização suspendeu as obras por conta das chuvas.
A informação foi repassada nesta terça-feira (16) pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindapen) que reclama de insegurança.
Em dezembro de 2017, 20 detentos que cumprem pena no presídio do interior do estado fugiram pela parte de trás da unidade onde o muro já estava sendo reconstruído. Segundo o sindicato, nove presos foram recapturados até esta terça.
A chefe de gabinete do Instituto Penitenciário do Acre (Iapen-AC), Raquel Ribera, confirmou a informação de que o muro foi derrubado e que as obras estão paradas devido as fortes chuvas na região.
“Nossa equipe de arquitetura e engenharia esteve lá [no presídio] e constatou que é inviável continuar a obra diante das chuvas. Não tem como, porque eles tentam e o trabalho desfaz. Então, o pedido da empresa, em conjunto com a nossa equipe de infraestrutura para a presidência, é que realmente suspenda nesse momento”, afirmou a chefe do gabinete.
Raquel falou ainda que não há previsão para a empresa retomar as atividades de ampliação do presídio. “Não tem uma data prevista para o retorno da obra, porque a gente depende da natureza nesse caso. Assim que melhorar um pouco, retoma as obras”, disse.
O presidente do Sindapen, Lucas Bolzoni, informou que a preocupação é que o presídio tem déficit de mais de 300 vagas, já que atualmente tem mais de 400 detentos para 80 vagas.
Além disso, ele falou sobre o baixo número de agentes penitenciários. A parte do muro que foi derrubada tem cerca de 30 metros.
“Eles vão fazer uma ampliação e um novo pavilhão, mas agora pararam as obras e deixaram uma estrutura de ferro, que é totalmente vulnerável. Isso em uma cadeia superlotada. A empresa alega que suspendeu por conta do período de chuvas e vão esperar parar, lá para abril eles retornam as obras”, reclamou o presidente do sindicato.
Bolzoni afirmou que atualmente somente cinco agentes trabalham em cada plantão para cuidar de mais de 400 presos. “Os órgãos ligados ao Ministério da Justiça recomendam a proporção de cinco presos para cada um agente. E hoje estamos ultrapassando mais de 15 vezes isso. Então, além da estrutura precária do prédio, temos essa falta de efetivo”, disse.
O presidente do sindicato falou ainda sobre o que os agentes temem com a derrubada do muro. “A gente teme tanto que haja mais evasão de presos quanto invasão do próprio presídio. Sabemos do contexto que vivemos e temos medo que tentem invadir o presídio para atentar contra a vida de pessoas de facções rivais, ou até mesmo contra a vida dos próprios servidores”, concluiu.