Em reportagem especial do JAC 2ª edição, jovens infratores falaram como é a vida dentro das unidades socioeducativas. Pesquisa da Abrinq aponta Acre como o estado com maior índice de adolescentes em restrição ou privados de liberdade.
Roubos, furtos, porte ilegal de arma de fogo e até assassinatos. Esses são alguns dos crimes praticados por adolescentes que estão apreendidos no Acre. Segundo uma pesquisa da Fundação Abrinq, o Acre é o estado do Brasil com maior índice de adolescentes em restrição ou privado de liberdade.
Os dados mostram ainda o Distrito Federal, São Paulo e Amapá logo atrás do Acre no índice de adolescentes em conflito com a lei. Em uma reportagem especial do Jornal do Acre 2ª edição, os adolescentes contaram como se envolveram no mundo do crime, as consequências e o arrependimento dos seus atos.
Em um das unidades socioeducativas da capital acreana existem 54 jovens que cometeram diversos crimes. Atrás dos muros de segurança, os adolescentes acreditam em um futuro melhor e diferente. Há até aqueles que planejam voltar aos estudos e entrar em uma faculdade.
“[Sonho] ser engenheiro agrônomo, fazer engenharia agrônoma. Gosto muito de terra, só isso”, diz um dos jovens.
Apreendido por assalto, o adolescente diz o que falaria para as vítimas se tivesse a oportunidade de encontrá-las novamente.
“Em primeiro lugar, pediria desculpas em segundo falaria para eles que aquilo foi um erro que cometi e se pudesse devolveria todas as coisas, até a paz deles. Porque as pessoas ficam com muito medo na hora, às vezes a pessoa pega até trauma com isso. Se eu pudesse, devolveria até a paz que as vítimas tinham”, lamenta.
São diversos Jovens que cumprem medida socioeducativa após tentarem um atalho na vida, mas que não deu certo. Os motivos para seguir o caminho errado são os mais diversos: desde a falta da família, condições financeiras, até a influência de amigos.
“Vivi mais nesse mundo do crime porque não tive um pai para estar do lado, para estar ali apoiando e dando conselho entendeu? Só minha mãe com três meninos é difícil. Hoje minhas irmãs casaram, também estudam. Me envolvi por causa de influência dos amigos. Minha mãe me dava conselho, mas quando a gente é novo não escuta a mãe e faz coisas que não deve”, afirmou.
De um lado há os que cumprem medida pela primeira vez, do outro estão os reincidentes. Mesmo com a experiência da primeira apreensão, alguns voltam para o mundo do crime e acabam nos centros socioeducativos novamente.
“Fazia coisa errada, meu pai dizia ‘filho vai procurar o que é certo, não vai pela cabeça dos outros’. Eu falei ‘não, esse mundo é pra mim mesmo’. Aí cai na tentação dos outros e fui roubar e vim parar nesse lugar. Se tivesse ouvido meu pai e minha mãe estava em casa uma hora dessas terminando a faculdade”, aponta outro adolescente.
Ações
O diretor do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), Rafael Almeida, diz que são oferecidas diversas atividades e acompanhamentos nas unidades para que os jovens retornem à sociedade recuperados.
“Temos assistência psicológica, assistente social, atividades de cultura, esporte e lazer e musicalização. Essas atividades são estratégias que fazemos e desenvolvemos para que eles reflitam no erro e tenham um desejo maior de mudar de vida”, pontua.