Josiel Alves de Oliveira, o Jó, 29 anos, está de férias em Cruzeiro do Sul, cidade natal, no interior do estado. Casado com uma croata, ele deseja fixar residência na Croácia após encerrar a carreira
Após sete anos atuando no futebol europeu, o meia-atacante Josiel Alves de Oliveira, o Jó, 29 anos, natural da do município de Cruzeiro do Sul, a 648km de Rio Branco, no interior do Acre, passa férias com a família e mata a saudade da cidade natal, que não visitava desde 2011. Na última vez que esteve na cidade defendia a camisa do Juventus na disputa do Campeonato Acreano. Naquela temporada, a equipe juventina ficou com o vice-campeonato estadual e ele foi o vice-artilheiro da temporada com 11 gols.
O bom desempenho abriu portas no cenário nacional e Jó deixou o Acre para tentar a sorte em outros ares. Passou por Cabofriense-RJ, Caldense-MG e São José-SP antes de chegar ao futebol europeu.
– Sou muito grato a Deus. Saí daqui com 15 anos, tinha jogado apenas no Juruá uma competição sub-16 e eu tinha 12 anos. Em Rio Branco enfrentei dificuldade, morava só, batalhei muito para me tornar jogador. Passei pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo e cheguei à Europa. Vivi bons e maus momentos. Ser bom jogador dentro de casa é fácil. Difícil é ser bom, ser o camisa 10 em outro lugar, outro país – comenta.
Na Europa, Jó atuou em Portugal, Croácia, Islândia e Moldávia. O último desafio foi disputar o Campeonato da Coreia do Sul, na temporada 2016. Mas até a estabilidade profissional chegar, ao caminho não foi fácil.
– Tive muitas dificuldades na vida. Joguei no União de Leiria, de Portugal, onde fiquei uns seis meses. Retornei ao Acre e pouco depois fui para o NK Istra, da Croácia. Fiquei três anos, constitui família e passei pela Islândia, Moldávia, joguei em outros dois times croatas e em 2016 disputei o campeonato da Coreia do Sul. Sempre fui acostumado com dificuldade. O frio e a comida não me atrapalharam, já tinha estado em Portugal. O que mais me fez sofrer foi viver só. Acho que a maior dificuldade foi a língua croata. Depois que conheci minha esposa a vida começou a melhorar – diz.
O meia ainda não tem futuro definido para a temporada 2018, mas já pensa mais à frente, quando o fim da carreira de jogador chegar. A ideia é se estabelecer de vez com a família na Croácia.
– Hoje quando parar de jogar futebol, vou fixar residência na Croácia. Lá temos casa, toda a minha estrutura. Falo o básico da língua e um pouco de inglês e espanhol. Tenho que pensar também no futuro do meu filho Victor de um ano e 10 meses. No final do mês dezembro recebi proposta para ir para a Indonésia. Era uma proposta boa, mas não aceitei. Tinhaa acabado de chegar em Cruzeiro do Sul, depois de ficar sete anos longe da minha família. Já tinha retorno marcado para o dia 7 de janeiro. Estou com minha esposa que veio conhecer meus familiares – afirma.
Depois de tanto tempo longe da cidade natal, o atleta notou mudanças e vê o município com uma violência maior do que na época em que residia na casa dos pais.
– A cidade mudou muito nestes anos. Agora tem um índice de violência elevado. Aqui estão minhas origens. Hoje resido longe dos familiares e amigos. Mas não esqueço o lugar. Foi aqui que o Juruá me abriu as portas para o futebol. Estou muito feliz em poder rever amigos, pessoas que me ajudaram a crescer no futebol. Estou aproveitando o máximo para minha esposa conhecer os igarapés que existem aqui. Ela tem gostado bastante – diz.
O meia aproveita a oportunidade para deixar um recado aos jovens cruzeirenses que buscam um realizar sonhos de vida.
– Digo aos jovens que nunca desistam dos seus objetivos. Nada na vida vem fácil. É preciso ser persistente, pois não tem nada impossível. É preciso ter confiança em seu potencial, ter dedicação, fé e Deus no coração. Todas as dificuldades serão recompensadas. Eu sofri, mas hoje estou recompensado, pois realizei meu sonho – completa.