Em Santa Rosa do Purus, indígenas denunciam descaso com a saúde nas comunidades da região

Indígenas denunciam falta de equipamentos e de atendimento nas comunidades.O Ministério da Saúde informou que a assistência nas aldeias Maronawa e Nova Fronteira acontece de forma regular.


Indígenas que moram em comunidades próximas a Santa Rosa do Purus, interior do Acre, estão reclamando de problemas na saúde indígena na região do Alto Purus.


De acordo com um índio, que não quis se identificar, faltam equipamentos para a equipe de saúde trabalhar, e indígenas das etnias Kulina, Kaxinawá e Jaminawa estão sofrendo com a falta de atendimento adequado. Ao menos 45 aldeias estariam sendo prejudicadas.


O Ministério da Saúde informou em nota que a assistência nas aldeias Maronawa e Nova Fronteira acontece de forma regular.


“As unidades básicas de saúde estão devidamente equipadas para o atendimento às comunidades, tendo uma escala de trabalho organizada em forma de revezamento (de 20 em 20 dias a equipe é substituída) para que não haja interrupção ou ausência de profissionais”, fala o documento.


O indígena diz ainda que até o barco, que era para ser usado pela equipe de saúde, está parado esperando conserto. Ele afirma que as aldeias esperam por atendimento, mas os serviços que deveriam ser prestados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) na região não estão sendo feitos.


“Era para a gente receber equipes da saúde de 15 em 15 dias, mas isso não está sendo feito. Os técnicos disseram para a gente que até querem fazer o trabalho, mas a falta de equipamento dificulta. Eles vão trabalhar com barcos furados, tendo que fazer balderada, correndo risco durante essa época de cheia dos rios”, lamenta.


Sobre os problemas com transporte, o Ministério da Saúde afirmou que o polo base de Santa Rosa do Purus possui dois barcos para transportar a equipe qua faz atendimentos em área, mas um deles encontra-se em manutenção.


“Também foi restabelecido o transporte aéreo e, desde novembro, os atendimentos estão sendo reagendados. Foi firmada parceria com o exército para transportar via terrestre pacientes de Assis Brasil para ajudar na assistência. Está em andamento uma licitação para reforma e ampliação da antiga sede do polo base no município de Santa Rosa do Purus”, complementa a nota.


O indígena reclama ainda que a comunidade está sofrendo com problemas como tuberculose e que a população chega a morrer sem ter diagnóstico. Além disso, há falta de acompanhamento, falta de atendimento especializado para as comunidades e para os pacientes com necessidades especiais, que precisam de serviço específico para fazer a solicitação de benefício.


“Atualmente, a equipe encontra-se nas referidas unidades cumprindo uma escala de 12 de janeiro a 31 de janeiro/18 com previsão de atender 45 aldeias. Os pacientes que são agendados para exames, consultas ou retorno são devidamente informados quanto à data dos procedimentos, de maneira formal, através da contra referência que a Casai disponibiliza para os Polos Base”, afirma o Ministério.


A Casa de Apoio, de acordo com o índio, também estaria sem energia elétrica, com problemas na estrutura e a mercê da criminalidade. “Os índios têm que ficar e comer no escuro. Quando chove, molha tudo e tem o risco de serem atacados pela marginalidade. Está abandonado”, denuncia.


De acordo com Unidades Básicas de Saúde está com problemas de estrutura e indígenas sofrem com a falta de atendimento (Foto: Arquivo pessoal)

De acordo com Unidades Básicas de Saúde está com problemas de estrutura e indígenas sofrem com a falta de atendimento (Foto: Arquivo pessoal)


Além desses problemas, os indígenas estariam perdendo consultas médicas na capital, porque os meios demoram para fazer o transporte deles para a capital ou porque não recebem os informes com as datas das consultas.


Com relação ao atendimento na Casai, o Ministério da Saúde informou que “a Casai acompanha todos os pacientes com a devida prescrição médica e que a liberação do enfermo só é autorizada após avaliação médica e alta”.


Ainda segundo o indígena que denunciou o caso, em novembro de 2017, um índio idoso morreu após ser submetido a uma cirurgia na capital. Segundo ele, o idoso saiu do hospital para a Casa do Índio em Rio Branco e, em seguida, foi encaminhado para Santa Rosa do Purus onde, devido a complicações, morreu seis horas após internação no hospital do município.


“A Casa do Índio está fazendo muito isso. Quando o índio pega alta em Rio Branco e chega lá, no outro dia eles querem mandar o índio para seu lugar de origem, não esperam nem a pessoa se recuperar, já encaminham de volta para Santa Rosa, daí acontece esse agravo e a pessoa chega a óbito”, lamenta.


Ao G1, em relação ao caso do indígena citado na matéria, o Ministério da Saúde disse que o paciente recebeu todo apoio necessário.


“Especificamente sobre o paciente Felipe Campu Jaminawa, ele permaneceu na Casai por 15 (quinze) dias recebendo todos os cuidados pós-cirúrgicos necessários. Foi acompanhado por dois filhos e, quando retornou ao município, foi devidamente orientado quanto aos cuidados e técnica da troca de bolsa, higiene pessoal e alimentação”, finaliza a nota.


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