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Dilmista, jovem do Acre que queimou a Bíblia em evento de ateus, na Ufac, ainda se diz hostilizado


Quem não lembra daquele abril de 2015? Um jovem cabeludo, estudante de Filosofia, aparecia num vídeo escuro queimando a Bíblia Sagrada. Seu semblante de felicidade aumentou a comoção gerada pela atitude que balançou congregações e congregados de todas as tendências. Pastores repudiaram. Padres, idem. A imprensa, então……


O vídeo pode ser revisto abaixo


Nos dias atuais, o protagonista da triste cena tem seu gesto relembrado em escritos do jornalista Paulo Lopes, que alimenta um modesto blog sobre crenças, descrenças e a historiografia de fé ( ou a falta dela). “Parecia que o Brasil tinha se tornado uma teocracia islâmica, e que tinha ( o estudante) queimado um Corão”, escreveu em defesa do acadêmico.


Felipe Zannon, o estudante, destaca a falta de destaque da imprensa quando o inquérito policial, “aberto a pedido de um deputado evangélico”, foi arquivado.  Diz o jornalista: “a polícia atendeu a orientação do Ministério Público, para o qual o estudante exerceu seus direitos constitucionais de livre expressão e de descrença”.


De fato, Zannon é membro de uma Associação de Ateus do Acre, e lembra essa história para, segundo ele, dar uma ideia do preconceito que os ateus sofrem por esses cantos – pelo escriba tratado como um dos Estados mais religiosos do Brasil e onde ocorre o maior avanço das denominações evangélicas mais retrógradas.


A seguir, trecho integral da publicação em que Zannon reclama do que chama de imposições do Cristianismo no sistema educacional brasileiro.


A população pentecostal do Acre representa 24,18% do total, de acordo com o Novo Mapa das Religiões, da Fundação Getúlio Vargas e os dados são de 2009 da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), do IBGE,  diz a publicação. O índice de pentecostais é mais expressivo em Rio Branco, a capital, 28,43%.


Organizador do Encontro Nacional de Ateus onde houve a queima da Bíblia, Zanon ainda se diz do alvo de hostilidades, mas nem por isso pensa em desistir da militância ateísta. No momento, ele está escrevendo a monografia de seu curso de direito, abordando o ensino religioso confessional.


As aulas de religião são facultativas, mas Zanon afirma que em muitos casos elas acabam sendo obrigatórias, porque são impostas por um sistema educacional que está impregnado pelo cristianismo. “As crianças estão sendo submetidas à doutrinação religiosa”, diz. “Estamos falando de pessoas vulneráveis.”


Como o ensino confessional foi aprovado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Zanon afirma que, agora, só resta entrar com um recurso junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Ele espera obter apoio de ateus e humanistas para a apresentação do recurso. Enquanto isso, no Acre, as pessoas vão continuar apontando o dedo para Roberto Oliveira da Silva, dizendo “foi aquele que queimou a Bíblia”.


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