Segundo Carlos Batista, coordenador da Defesa Civil Estadual no Acre, Rio Madeira está mantendo o mesmo nível de água em Abunã devido à regulação feita pela Usina de Jirau.
A Defesa Civil do Acre fez, nesta segunda-feira (22), uma nova vistoria ao Rio Madeira no Distrito de Abunã, em Rondônia, em um trecho da BR-364, que liga os dois estados e alagou em 2014 com a cheia história do manancial rondoniense e deixou o Acre isolado por via terrestre. O acompanhamento faz parte de uma série de ações para elaborar estratégias para uma possível cheia.
Apesar do grande volume d’água, a marca do Rio Madeira nesta segunda em Abunã chegou a 20,74 metros. O órgão acreano garante que a situação não é preocupante, mas que ainda não há riscos iminentes de uma cheia e, consequente, isolamento. De acordo com a Defesa Civil, com a regulação das águas que está sendo feita pela usina de Jirau, o rio está a ao menos um metro de atingir a BR-364.
“Apesar de continuar subindo, o rio está com essa mesma cota há vários dias devido a essa regulação que dá vasão e aumenta [o nível] do reservatório para que a água não atinja a rodovia. De janeiro a março, desde 2014, fazemos um monitoramento diário. Isso é feito por meio de plataformas, via satélite, e vistoria no local”, acresenta o coronel Carlos Batista, coordenador da Defesa Civil do Acre.
Batista disse que vai se reunir com representantes do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Agência Nacional de Águas (ANA), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Defesa Civil Nacional, além da autoridades rondonienses e amazonenses, nesta terça-feira (22), para discutir o assunto.
O coronel fala que a partir da previsão de chuvas para a bacia do Madeira é que todos os órgãos vão elaborar estratégias e medidas para uma eventual cheia.
Informações falsas
O coordenador da Defesa Civil do Acre comenta ainda que o monitoramento no local serve também para acabar com informações falsas que são espalhadas sobre a situação do Rio Madeira. Segundo ele, muitas pessoas estão usando imagens da cheia de 2014 para afirmar que a situação estaria igual atualmente e que o estado beira o risco de um novo isolamento.
“A Defesa Civil do Acre é o órgão responsável por passar informações sobre a situação do Madeira e da BR-364. Estamos com muitas informações falsas circulando nos meios sociais e deixando muita gente preocupada. A população pode ficar tranquila que as informações são repassadas por nós, que somos a fonte segura da real situação”, enfatiza o coronel Batista.
Cheia histórica do Madeira e isolamento do Acre
Em 2014, o Rio Madeira registrou sua cheia história, atingindo a marca de 19,74 metros. Por isso, o Acre ficou isolado via terrestre, uma vez que a BR-364 é o único acesso do Acre para os outros estados do país. Em abril daquele ano, o governo acreano chegou a decretar calamidade pública.
Na época, os acreanos enfrentaram o racionamento de diversos alimentos nas prateleiras, além de gás de cozinha e combustíveis, o que gerou grandes filas de veículos nos postos. O Estado foi obrigado a importar alimentos, insumos e outros produtos do Peru, por meio da Estrada do Pacífico.