Há um ano, cavalo Sereno comoveu população ao ‘se despedir’ do dono em velório. Desde que o vaqueiro morreu, irmão dele cuida do animal.
Há um ano, durante um velório em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, um cavalo “se despedia” do dono, o vaqueiro Wagner de Lima Figueiredo, que havia morrido em um acidente de moto. Durante o cortejo do corpo até o cemitério, o animal relinchava, batia as patas no chão e chegou até a deitar a cabeça sobre o caixão onde o corpo do seu dono estava.
Desde o enterro do vaqueiro, em 3 de janeiro de 2017, que o cavalo “Sereno” é cuidado pelo irmão de Wagner, Wando Lima. Ele relata que o animal mudou de comportamento e parou de brincar. O cuidador responsável por Sereno também afirma que o animal não corre e fica agitado em multidões.
A reação de Sereno durante o enterro do dono, sensibilizou tanto a família que os parentes decidiram não usar mais o animal em competições e apenas cuidar da saúde dele. “Nunca mais deixamos ele correr em vaquejadas. Só para passeio. A gente cuida dele como sendo da família”, disse o irmão.
“Sereno” vive no sítio Prensa, na zona rural de Cajazeiras, também sob os cuidados de um funcionário da família. Wando conta ao G1 que passa a semana trabalhando e viaja para Cajazeiras nos fins de semana, quando visita o cavalo. “Eu tenho um comércio em Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte, e vou pra casa nos fins de semana”, disse Wando.
Mudança de comportamento
Desde que o vaqueiro morreu, segundo a família, o cavalo mudou de comportamento. “A gente sabe que ele não é do mesmo jeito. Mudou muito. Ele gostava de correr, mas parou. Não brinca mais”, explica o irmão da vítima.
Francisco Rufino César é responsável pelo sítio da família de Wagner de Lima e cuidador do cavalo, ele diz que “Sereno” não tem mais disposição para correr em vaquejadas, atividade que fazia na companhia do dono, e que se agita com facilidade ao se deparar com multidões.
“Eu notei que ele não está fazendo mais o que fazia. Pela minha experiência, eu acho que ele perdeu o gosto, depois da morte de Wagner. Ele não sabe falar, mas eu acredito que ele tem sentimento”, disse Francisco, que já cuidou do cavalo antes e depois da morte do vaqueiro.
Para a família, o fim de ano de 2017 e início de 2018 não tem sido fácil. Na segunda-feira (1º) completou um ano da morte do vaqueiro e as lembranças são inevitáveis. “Como completou um ano, a gente ficou muito abalado, lembrando do que aconteceu. É uma coisa que a gente nunca vai esquecer”, disse Wando.
Relembre o caso
Wagner de Lima Figueiredo tinha 34 anos, era vaqueiro e funcionário da Prefeitura de Cajazeiras, no Sertão da Paraíba. Wagner morreu na madrugada do dia 1º de janeiro de 2017 em um acidente de moto no estado do Rio Grande do Norte. Ele estava sozinho na motocicleta no momento do acidente e chegou a ser socorrido para um hospital da cidade de Mossoró, onde passou por cirurgia, mas morreu.
Enterro
O cavalo comoveu a família e os amigos do vaqueiro paraibano Wagner Figueiredo de Lima, depois que o animal foi levado para se despedir do dono e ao ser colocado próximo ao veículo onde estava o corpo, deitou a cabeça sobre o caixão, um momento que chamou a atenção de todos. O enterro do vaqueiro aconteceu na tarde do dia 3 de janeiro de 2017, na cidade de Cajazeiras, Sertão da Paraíba.