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Após perder filha com câncer, professor quer escrever livro contando luta da jovem contra a doença

Jovem deixou cartas para pai, mãe e irmão. Na sexta-feira (19), Evelyn faria 23 anos e amigos e familiares devem fazer homenagem póstuma para a jovem.


Em memória de minha filha Evelyn – o câncer venceu o corpo, mas não o espírito da guerreira”. Esse é o título do livro escolhido pelo professor aposentado Emir Mendonça, de 72 anos, para contar a história da sua filha. A acreana Evelyn Oliveira, de 22 anos, morreu na última quinta-feira (11) após lutar contra o câncer por quase 3 anos.


“Porque câncer hoje é sentença de morte. Já ouvi essa frase milhões e milhões de vezes, mas eu venci. Nós vencemos. Eu matei o câncer. E se ele voltar? Eu vou lá e acabo com ele de novo. Desistir não é opção. Opção é sobreviver, mas se eu perder? Eu juro que fiz de tudo pra ficar aqui com a minha família”, esse trecho faz parte de uma publicação de Evelyn em seu perfil no Facebook.


Foi nas redes sociais que ela começou a compartilhar a luta travada contra a doença. Ela foi diagnosticada com câncer na medula em abril de 2016. Desde então, encabeçou campanhas e projetos para ajudar não só a ela, mas outras pessoas que também precisam combater a doença.


Em agosto de 2016, finalmente, recebeu a medula que tanto esperava. Para surpresa dela, o transplante veio do próprio irmão, Kevin Oliveira, que se mostrou 100% compatível. Os dois emocionaram a internet com o relato de todo o processo.


Porém, em outubro, a jovem teve que voltar a São Paulo. O câncer havia voltado e foi preciso retomar o tratamento. Porém, já em janeiro, os remédios não surtiam efeito e a doença se espalhou. Foi aí que a família decidiu sedar a jovem para que não sofresse mais.


“A doença aumentou, não tinha retrocesso. Toda a medicação, 3 quimios seguidas e não tinha retrocesso da doença. As células cancerígenas estavam dominando o corpo dela, no estômago deu metástase, subiu pra cabeça, no olho direito. A medula não produzia mais nada. Chegou ao estágio dos médicos me chamarem achando que a gente, a família e o hospital, estava sendo desumanos mantendo ela daquela forma”, conta o pai ainda emocionado.


Evelyn descobriu o retorno do câncer ainda em outubro de 2017 (Foto: Arquivo pessoal )

Evelyn descobriu o retorno do câncer ainda em outubro de 2017 (Foto: Arquivo pessoal )


Depois de ver Evelyn sofrendo por duas noites com dores intensas que a morfina não conseguia mais dominar, o pai decidiu pelo coma induzido.


“A morfina não dava mais jeito, aí pedi pra sedá-la. Imagina um pai pedir um negócio desse, porque sofria ela e nós, porque não tínhamos resposta do remédio. Nenhuma”, relembra.


Desde da descoberta da doença, Evelyn foi atuante nas redes sociais, tanto para pedir ajuda para ela mesmo como também para outras pessoas que precisavam de ajuda. Sempre com a fé inabalável, ela dizia que enfrentava o câncer de cabeça erguida. E também apoiava projetos que ajudava crianças a enfrentarem a doença.


Na última entrevista dada ao G1, em novembro de 2017, ela contou que não havia se desanimado com o retorno do câncer.


“Eu me sinto forte como sempre. Minha família do meu lado e meus amigos sempre me apoiam em tudo e me incentivam a vencer. Meus médicos confiam em mim e eu confio neles. A morte é pra quem escolhe morrer e eu escolho viver”, disse na época, já internada no hospital São Camilo, em São Paulo.


Evelyn Oliveira também era apaixonada por esportes  (Foto: Evelyn Oliveira/Arquivo pessoal)

Evelyn Oliveira também era apaixonada por esportes (Foto: Evelyn Oliveira/Arquivo pessoal)


Cartas aos pais e ao irmão

Desde que Evelyn era viva, o pai conta que os dois conversavam sobre o projeto de escrever um livro contando toda a saga, desde o diagnóstico da doença até o tratamento e a mudança na rotina de toda a família.


“Vinha amadurecendo a ideia há algum tempo, principalmente por conta desse contato que as pessoas tinham com ela, de agradecer as postagens que ela fazia durante o tratamento. É um livro de autoajuda. Eu dizia que ela ia escrever sobre isso, mas como ela foi embora, eu vou fazer”, conta.


Mendonça conta ainda que pretende começar a escrever o livro na semana que vem. O professor diz também que o teor não é nada dramático, mas sim uma mensagem de esperança e uma forma de deixar a filha viva e usá-la como exemplo de garra e luta contra a doença.


O dinheiro arrecadado com a venda dos livros vai ser destinado a entidades que ajudam crianças com câncer, segundo o pai.


“Quando a gente descobriu o câncer, ela já estava há 3 anos doente. Ela já tinha sintomas que os médicos não descobriam. Faltou essa parte científica da medicina para os médicos descobrirem o que ela tinha de verdade. E vou começar o livro pelos erros médicos iniciais”, destaca.


Após a morte da estudante em São Paulo, a família retornou para Rio Branco e, segundo o pai, encontrou cartas deixadas por Evelyn em um diário. O conteúdo não foi revelado por ele, mas disse que havia escritos deixados especificamente para ele, o irmão de Evelyn e a mãe dela.


As cartas devem ser publicadas na obra escrita por Mendonça. “Esse livro é uma autoajuda para outras pessoas. Não tem nenhum caráter pessimista, de retração. Pelo contrário, é um caráter de otimismo, de mostrar para as pessoas as qualidades dela, o sofrimento e o calvário que foi”, finaliza.


Homenagens

Nesta sexta-feira (19), Evelyn completaria 23 anos. E para lembrar da jovem, familiares e amigos vão fazer uma solenidade no Novo Mercado Velho em Rio Branco e às margens do Rio Acre vão soltar balões rosas em homenagem a estudante. Uma forma de lembrar com carinho do nascimento de Evelyn.


Além disso, a missa de sétimo dia foi realizada na paróquia Santa Inês ainda nesta quinta-feira (18).


Em homenagem a jovem, amigos e familiares vão soltar balões no dia que ela completaria 23 anos  (Foto: Daniel Cruz/Arquivo pessoal)

Em homenagem a jovem, amigos e familiares vão soltar balões no dia que ela completaria 23 anos (Foto: Daniel Cruz/Arquivo pessoal)


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