Em ato na Passarela Joaquim Macedo, em Rio Branco, familiares e amigos lembraram o aniversário de Evelyn Oliveira. Jovem lutava contra câncer na medula desde 2016 e chegou fazer o transplante, mas doença ressurgiu.
Com balões rosas, faixas e blusas personalizadas, familiares e amigos da jovem Evelyn Oliveira – que morreu no último dia 11, no Hospital São Camilo, em São Paulo, após quase três de anos de luta contra o câncer na medula – realizaram uma homenagem para lembrar o aniversário da jovem, que completaria 23 anos nesta sexta-feira (19).
O ato ocorreu na Passarela Joaquim Macedo, que liga o Mercado Velho ao Calçadão da Gameleira, em Rio Branco, onde cerca de 150 balões foram soltos.
Emocionado, Kevin Oliveira Mendonça, irmão de Evelyn, afirmou que, apesar da morte, a irmã partiu vencedora. Para ele, durante esses quase três anos a irmã venceu dia a dia para enfrentar a doença e batalhar pela vida.
“Passar por esse tipo de coisa é muito difícil para qualquer família. Mas, ela venceu um dia de cada vez, qualquer outra pessoa não teria suportado o que ela aguentou. Ela tomava doses diárias de morfina, mas chegou um momento que o remédio não fazia mais efeito. É impressionante o fato de ela nunca ter tirado o sorriso do rosto”, afirmou Mendonça.
O irmão afirma que Evelyn sempre estava feliz e sorridente, principalmente no fim das sessões de quimioterapia. Ele declarou que a irmã esperou o momento para partir.
“Ela foi em paz. Estávamos eu, minha mãe e alguns amigos no momento da morte. Era um momento de descontração, estávamos brincando, rindo e ela simplesmente parou de respirar”, relembrou o jovem.
Apesar do falecimento da irmã, Mendonça afirmou que a presença dela sempre vai ser sentida por todos que conviveram com a jovem.
“Ela está sempre com a gente, não tem como esquecer. Em cada memória e momento, nos recordamos da felicidade dela, foi o que ela passou para a gente em vida. Fazer essa homenagem é um pequeno gesto para dizer que a amamos e presenteá-la”, afirma.
Camila de Sousa, amiga de Evelyn, conta que a conheceu durante aulas de Jiu-jitsu em 2015 no dia do próprio aniversário. Ela afirma que a ideia da homenagem foi sugerida por ela e por outra amiga.
“A Evelyn foi muito especial para mim, criamos uma amizade muito forte. Quando veio a doença, nosso mundo caiu e a melhora foi uma bênção. Sei que essa homenagem vai chegar até ela de alguma forma. É algo simbólico, mas estamos retribuindo o amor que ela nos deu”, declarou a amiga.
Batalha
Evelyn Oliveira foi diagnosticada com Síndrome Mielodisplásica, ou câncer na medula, em abril de 2016. Determinada a lutar contra a doença, a jovem criou, no Facebook, a página “Procuro um amigo oculto para toda a vida” e lançou uma campanha na internet pedindo doações de medula óssea para encontrar um doador compatível à época do diagnóstico.
Em agosto de 2016, ela recebeu a medula que tanto esperava. Para surpresa dela, o transplante veio do próprio irmão, Kevin Oliveira, que se mostrou 100% compatível. Os dois emocionaram a internet com o relato de todo o processo.
“Serei eternamente grata pelo meu irmão, pela existência dele. Ele salvou minha vida, é meu anjo. Agora eu sou um pedacinho dele fora do corpo, ele me deu o direito de viver”, afirmou ela ao G1 na época.
Em maio de 2017, Evelyn fez um ensaio fotográfico para comemorar a vitória contra a doença e voltou a ser destaque no G1.
Em setembro, ela denunciou à reportagem que perfis falsos nas redes sociais estavam usando suas fotos do tratamento. Durante todo o processo de recuperação, a jovem era bem ativa nas redes sociais mostrando o dia a dia e também os projetos que participava.
Em novembro do ano passado, ela teve a notícia do retorno da doençaapós passar três meses sentindo fortes dores que não eram controladas nem mesmo com o uso da morfina.
“Em outubro, dei uma piorada significativa e meus médicos decidiram repetir o mielograma, que é o exame que coleta a medula pra ver como está, exames de sangue e uma endoscopia. O câncer tinha se espalhado para o meu estômago. Sinal de que tinha voltado”, contou na época.
Os médicos decidiram levar Evelyn para São Paulo no dia 21 de outubro com a ajuda de uma UTI área e uma anestesista que ministrava a medicação necessária para que ele suportasse o percurso até São Paulo.
Em sua última entrevista ao G1, em novembro, quando já estava em São Paulo, Evelyn se mostrou confiante e forte para enfrentar a doença mais uma vez.
“Eu me sinto forte como sempre. Minha família do meu lado e meus amigos sempre me apoiam em tudo e me incentivam a vencer. Meus médicos confiam em mim e eu confio neles. A morte é pra quem escolhe morrer e eu escolho viver”.