Em Porto Walter, 39 famílias de três aldeias estão sendo beneficiadas. Energia solar que abastece 80% da indústria local
Com o objetivo de prover energia para a extração de produtos oriundos do cocão, a aldeia indígena Raimundo Vale, do povo Arara em Porto Walter, no Acre, implantou um sistema de energia solar que abastece 80% da indústria local. 39 famílias de três aldeias estão sendo beneficiadas com o projeto que está sendo executado desde dezembro de 2017.
O objetivo do projeto é aproveitar ainda mais a fruta típica da região conhecida como cocão – seu fruto pode ser consumido, seu óleo extraído e transformado em amêndoa seca e em carvão.
O projeto é uma parceria da cooperativa Pushuã, do Povo Arara, e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). O diretor executivo de floresta da Sema, Marky Brito, disse que a ação é financiada pelo projeto de desenvolvimento sustentável do estado.
“A cooperativa fez a inscrição no edital para que pudesse estruturar a cadeia de aproveitamento do cocão. Eles já vinham fazendo esse trabalho e a parceria veio para desenvolver ainda mais esse projeto”, disse.
Devido ao isolamento das aldeias, foi então instalado um sistema de energia solar, um dos poucos do estado, para que todas as máquinas pudessem fazer o trabalho a partir dessa energia.
Um dos membros da cooperativa Pushuã do Povo Arara, Salustiano Shawadawa, disse que a energia sempre foi uma preocupação da cooperativa.
“Como a gente poderia tá fazendo o aproveitamento 100% de uma fruta como o cocão, mas fazendo isso de uma forma que não agride a natureza? Então, gostamos muito mesmo da ideia, porque é uma forma sustentável e econômica de ter energia”, destaca.
Ao todo, as placas de energia solar, instaladas para fornecer energia para a fábrica de extração, fornecem 80% de toda a energia necessária. Os outros 20% estão sendo feita por geradores de energia.
“Mas, a gente pretende que isso seja temporário e que logo toda fábrica, e quem sabe a aldeia, seja equipada com a energia solar”, afirmou.
As placas de energia solar produzem energia para as máquinas que trabalham na transformação do cocão em carvão e amêndoas secas. Brito disse que a produção já tem possíveis compradores e que a economia na aldeia vai ser beneficiada.
“O objetivo é vender esse carvão, que é um dos mais potentes que temos, para olarias e outros compradores. Isso vai gerar renda para as famílias indígenas e ribeirinhas que estão no projeto, além de usar de uma forma sustentável nossas matérias-primas”, finaliza.