Servidor público diz ter sido vítima de fraude em empréstimo feito em banco no interior do Acre

Agente de pesquisa e mapeamento acusa banco de ter adulterado prazos e dados em contrato de crédito consignado. Bradesco não se posicionou sobre o assunto.


O agente de pesquisa e mapeamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), José André da Fonseca, acusa o banco Bradesco de aplicar uma fraude contra ele e mais sete outros servidores provisórios do IBGE no Acre.


Segundo o agente, a instituição financeira adulterou um contrato de financiamento com consignação em folha de pagamento.


O G1 entrou em contato com o Bradesco, mas não obteve resposta até esta publicação.


Fonseca conta que em dezembro de 2016 recebeu uma proposta de crédito consignado para funcionários temporários do IBGE. Interessado, ele respondeu e firmou contrato com o banco.


“Fiz numa modalidade em que o valor de R$ 13 mil era liberado, mas R$ 3 mil precisavam ser repassados para o banco a título de seguro, caso meu contrato fosse encerrado antes do pagamento total”, explica.


Ele afirma que o crédito foi liberado e os R$ 3 mil foram repassados para o Bradesco. “Depois de três meses, precisei fazer uma compra e era necessário meu contracheque. Quando peguei o documento, tinha uma cobrança de 96 parcelas, mas no contrato com o banco não tinha o detalhamento de parcelas porque a cobrança seria até o final do meu contrato com o IBGE”, relembra.


O agente diz que entrou em contato com o Bradesco e contestou as 96 parcelas. De acordo com ele, uma cópia do primeiro contrato foi enviada à instituição, mas o problema não foi resolvido. “Quando eles me mandaram uma cópia do contrato que tinham lá, tava tudo diferente. Os prazos estavam adulterados, meus contatos e assinatura diferentes. Tava tudo alterado”, afirma.


Apesar da contestação, Fonseca diz que o Bradesco alegou não haver alterações no contrato entre eles. Sem solução, o servidor provisório do IBGE ajuizou uma ação em maio deste ano. Segundo ele, o banco afirmou na contestação que não havia vínculo de consumo e jurídico entre a empresa e o agente do IBGE. Ele afirma ter procurado o banco novamente e ter tido uma resposta diferente.


“Abri uma nova reclamação no canal de atendimento e o banco me respondeu de outra forma, dizendo que meu contrato estava com 11 parcelas pagas e a 12ª em aberto e que não havia nenhuma alteração. Em outubro deste ano, entramos em contato com o IBGE, a nível nacional, e o órgão disponibilizou uma plataforma em que fizemos uma reclamação”, relata o agente.


Depois da reclamação, o IBGE parou de fazer o desconto em folha e os pagamentos estão sendo feitos via boleto. Fonseca afirma que mais sete agentes de pesquisa e mapeamento, também provisórios no estado, passaram pela mesma situação que ele.


Foram cinco em Cruzeiro do Sul, outro em Tarauacá e um em Brasileia, todas as cidades no interior do Acre.


O agente afirma que uma das alegações do Bradesco é que o contrato foi feito por terceiros, que não seriam representantes do banco. “Na contestação, eles questionaram como terceiros teriam acesso ao sistema para transferir o dinheiro e afirmaram também ser vítima dessa fraude. Questionaram até minha capacidade cognitiva, perguntando como uma pessoa que trabalha no IBGE cai nesse golpe”, conta.


Fonseca diz que os cinco agentes de Cruzeiro do Sul vão ingressar com uma ação coletiva contra o Bradesco. De acordo com ele, uma agente de Tarauacá está juntando toda a documentação para fazer o mesmo procedimento. “Tô expondo isso para evitar que outras pessoas caiam nesse golpe. Tentei resolver amigavelmente. Entrei com a ação, porque vi descaso com a resolução”, finaliza.


Agente diz que banco contestou sua capacidade cognitiva  (Foto: José Andrade da Fonseca/Arquivo Pessoal)

Agente diz que banco contestou sua capacidade cognitiva (Foto: José Andrade da Fonseca/Arquivo Pessoal)


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