Ainda pairam dúvidas – e muita surpresa – sobre os motivos pelos quais a primeira-dama de Rio Branco, Gicelia Viana, foi levada de forma coercitiva para depor na Polícia Federal, no dia 30 de outubro, durante a Operação Buracos. O deslumbre da bela senhora e o prestígio do status-cargo causaram espanto sobretudo naqueles que convivem ainda que indiretamente com ela – e, claro, da militância vermelha acomodada em cargos comissionados. Até a Ordem dos Advogados do Brasil emitiu opinião suspeita, por meio de nota pública, sugerindo ter havido arbitrariedade na ordem judicial que motivou a ação policial. Pois bem.
Gicélia foi nomeada pelo marido no cargo de Gerente de Construção e Infraestrutura do Deracre. Denúncias de nepotismo atingiram a gestão de Marcus Alexandre e a mulher precisou ser exonerada, a fim de minimizar o desgaste do engenheiro que, naquele momento, respondia pelas obras da BR 364. Mas Gicélia, que tem ação social pífia na capital do Acre, precisava manter o padrão. O governo cuidou de arranjar-lhe contratos no próprio Deracre e na Sehab (Secretaria de habitação), em pleno fervor da Operação lares, em que as polícias e o Ministério Público identificavam um escândalo ainda maior: a comercialização de casas construídas com recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida – que deveriam abrigar famílias desabrigadas pelas enchentes.
A reportagem de acjornal.com recebeu trechos do inquérito da PF que apura desvios no Deracre, nos quais Gicélia é citada como fantasma do Departamento de Estradas e Rodagens e da Sehab. os investigadores da PF assinalam que a primeira-dama recebeu salários extras como terceirizada, mas jamais foi terceirizada (veja ilustração acima).