Dados são do Observatório de Análise Criminal do Ministério Público do Acre e se referem até 30 de novembro desse ano.
O número de assassinatos no Acre aumentou, segundo dados do Observatório de Análise Criminal do Ministério Público do Acre (MPE-AC). Segundo o estudo, até novembro deste ano, o número de homicídios chegou a 457, um aumento de 120% quando comparado a 2015, quando foram registradas 179 mortes. Em 2016, foram registradas 286 mortes.
O estudo aponta ainda que 51% dos crimes têm causas desconhecidas e 77% das mortes são causadas por arma de fogo. Além disso, houve cerca de 5,7 mil casos de roubos registrados, quase 19 assaltos por dia.
O promotor de Justiça Rodrigo Curti diz que a quantidade de crimes ocorridos durante o ano já pode ser considerada como uma epidemia e explica as causas para isso. “São vários os fatores ligados ao aumento no número de assassinatos no estado, temos fatores geográficos, sociais, temos essa onda de violência ligada a tudo isso”, explica o promotor.
O subsecretário de Polícia Civil, Josemar Portes, também acredita que parte da violência ocorre por causa das atividades criminosas e disputa entre facções. “No pano de fundo, está um comércio de ilícitos, seja de produtos entorpecentes, seja de produtos interceptados, e a própria ocupação de terreno no espaço criminal. Isso acontece nacionalmente, não só aqui”, fala.
O promotor diz ainda que é necessária uma revisão de dados. “O momento é de reflexão e análise dos dados para buscarmos soluções a médio e longo prazo”, complementa Curti.
Outros números
Este ano Rio Branco foi apontada como a capital que teve a maior alta na taxa de assassinatos no país, segundo um levantamento do Atlas da Violência, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os familiares das vítimas são os que mais sofrem com a perda dos membros da família. Um pai, que não quis se identificar, perdeu o filho e o sobrinho no mesmo dia. “Não sabemos porque ou o que levou àquela situação”, lamenta o homem.
Além das execuções na capital, os criminosos queimaram ônibus e invadiram escolas. Para o pedreiro Antônio Damião, que chegou a ver um ônibus que pegou fogo na capital, o sentimento é de insegurança.
“A sensação é de medo, porque a gente é cidadão e só trabalha para viver a vida e ainda tem que lidar com esse tipo de situação. É a primeira vez que vejo algo assim aqui, um ônibus incendiado”, diz Damião.
A dona de casa Genilda Teodoro fala que a situação é complicada e a violência atrapalha as atividades do dia a dia. “Horrível essa situação, a gente fica aqui esperando sem resposta, tudo parado, aí complica”, finaliza.