Sesacre garante que medicamentos devem chegar na próxima semana. Rim de adolescente parou de funcionar por falta do medicamento, diz mãe.
Pacientes que fizeram transplante de rim reclamam da falta de medicamentos na rede pública do Acre que são essenciais para combater a rejeição. A Secretaria de Saúde (Sesacre) confirmou o problema e disse que o medicamento deve chegar nos próximos dias.
O Tales tem 15 anos e nasceu com anomalia anorretal, má-formação de coluna e ausência de sacro. Em 2015, ele precisou fazer um transplante de rim, mas, o órgão que recebeu parou de funcionar. Isso porque o medicamento que deve ser tomado para a vida toda está em falta.
Agora, ele voltou a fazer hemodiálise e precisa de um novo transplante. A mãe dele, a agricultora Roseni Oliveira, explica que teve que diminuir a dose do medicamento.
“Faltou o remédio dele e a gente teve que diminuir o tacrolimo. A gente teve que diminuir a dose. Ele tomava dois de manhã e dois à tarde e, no caso, tava tomando um de manhã e um à tarde. No fim, ele perdeu o rim”, explica.
A funcionária pública Berenice Sales também precisou fazer um transplante de rim em outubro por conta de problemas de nascença. Há seis meses, ela sofre com a falta dos medicamentos para manter o funcionamento do rim e se preocupa em ter que passar pela mesma dificuldade de Tales.
“Primeiro faltou o tacrolimo e agora micofenolato. Se o governo tem condições de fazer uma compra de emergência, por que não faz? Por que deixar um paciente perder um rim para poder providenciar uma compra de emergência? É muito melhor a gente fazer um transplante, porque a gente tem qualidade de vida do que viver numa maca fazendo hemodiálise. Eu fiz o transplante há um ano no RS e lá não tem essa dificuldade. Tem 6 meses que voltei e tô tão triste porque aqui é direto faltando remédio”, reclama.
Como são muito caros, há mais de 20 anos o Ministério da Saúde compra e distribui os medicamentos gratuitamente. Quem faz a entrega aos pacientes são as Secretarias estaduais da Saúde.
Na quinta-feira (30), a Berenice, a família do Tales e o presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos e Transplantados do Acre, Vanderli Ferreira, tiveram uma reunião no Ministério Público Federal no Acre (MPF-AC).
No entanto, o órgão informou que “os serviços encontram-se sob a responsabilidade da rede pública estadual de saúde”.
“Agente faz protesto, vai no MPF, MP-AC, temos reunião com o secretário da saúde, mas a solução que a gente quer não é resolvida. Há mais de 5 anos temos esse problema, mas até agora ninguém teve a sensibilidade de resolver”, destaca o presidente associação.
A Sesacre alega que os medicamentos são fornecidos exclusivamente pelo Ministério da Saúde, que faz o envio emergencial. Em nota, garantiu que a medicação chega em Rio branco na próxima semana e em 30 dias o abastecimento será normalizado.