Lucas Macedo é um dos primeiros acreanos a obter medalhas nos JUB’s, na categoria paralímpica. Aos 22 anos, ele concilia estudos e treinos no atletismo e pretende ser professor
Superação e paratletismo sempre caminham juntos. E para o acreano Lucas Macedo, 22 anos, essa trajetória não é diferente. O nascimento dele foi retardado, o que ocasionou a falta de oxigenação e algumas sequelas físicas e intelectuais. A relação com o esporte começou ainda na infância, durante os inúmeros tratamentos . As terapias nas piscinas e nas pistas proporcionaram ao jovem uma experiência com os pódios. Ele começou a competir aos 13 anos, nos Jogos Escolares, na natação, mas logo descobriu o amor pelo atletismo e se destacou.
As limitações físicas e psicológicas não impediram que chegasse a faculdade. O esporte sempre foi um alicerce na integração social e no desenvolvimento físico de Lucas e mais uma vez foi motivação. Agora além dos treinos diários, tem a rotina de estudos. Ele cursa o segundo período de Educação Física (licenciatura) na Uninorte, em Rio Branco, e já tem um marco histórico no currículo acadêmico. Lucas é um dos primeiros acreanos a obter medalhas nos Jogos Universitários Brasileiros, na categoria paralímpica. O pódio inédito ocorreu na 65ª edição da competição, em outubro, ao conquistar prata nos prata nos 50m livres, nos 50m costas e nos 100m livres.
A primeira participação de Lucas nos JUB’s teve uma curiosidade. Ele se preparou para disputar as provas de 100 m e 200 m rasos e arremesso de peso, no atletismo, mas con cancelamento da modalidade, ele aceitou competir na natação, que não praticava há mais de dois anos. Mesmo relutante, longe das piscinas há tanto tempo, garantiu o resultado positivo. Orgulhoso, conta que valeu a pena insistir no sonho de participar dos JUB’s, lembra das diversas viagens que fez a tratamento e enaltece a oportunidade de retornar a Goiânia, desta vez para competir e conquistar medalhas históricas para seu estado.
– Já vim várias vezes nessa cidade, a tratamento, numa batalha, e hoje volto ao mesmo lugar, para competir e subir ao pódio. Foi muito emocionante. É uma batalha diária. Fico muito grato aos meus pais e aos meus professores, que nunca desistiram de mim – emociona-se .
Lucas participou dos Jogos Paralimpicos Universitários Brasileiros, em julho, em São Paulo (SP) e subiu ao pódio três vezes: conquistou ouro no lançamento de dardos, prata no salto à distância e um bronze nos 400m.
Nova etapa
O treinador Antonio Clodoaldo Castro destaca a melhora na autoestima e na convivência social e a evolução nas disciplinas básicas do curso. A timidez ficou para trás e Lucas já se tornou popular entre amigos e professores. Segundo Castro, as disciplinas são intercaladas para conciliar horários com os treinos. O Núcleo de Apoio Pedagógico ajuda no acompanhamento e na adaptação com recursos necessários nas avaliações e no conteúdo.
– Ele não queria, tinha vergonha e medo de ser rejeitado pelos colegas. A faculdade foi muito importante no processo de inclusão. Alguns acham que eles estão estudando só para participar de competições, o que não é verdade. O esporte é uma ferramenta de inclusão social e educacional. Ele melhorou bastante. A acessibilidade ajuda bastante. Não se achava capaz no início, e hoje, não sei que profissional vai ser, mas posso te dizer que será um humano muito melhor – conclui.
Para Lucas, os técnicos Clodoaldo e Raquel são sua segunda família. O sonho é seguir a profissão dos pais de coração e dar muito orgulho aos pais biológicos, que o acompanham diariamente.
– Meu sonho é dar aulas e também ajudar outras pessoas. Esta é mais uma batalha. É difícil de enfrentar, tem preconceitos, mas melhorei muito e me abriu as portas. Até agora está dando certo – finaliza o paratleta.