Rio Branco registrou mais de 200 mortes por afogamento nos últimos 10 anos, aponta levantamento

Incidência é maior durante o verão amazônico. Devido ao problema, Projeto de Lei apresentado na Câmara de Vereadores de Rio Branco quer instituir Programa de Segurança Aquática na cidade.

 

Um levantamento do Corpo de Bombeiros do Acre aponta que nos últimos 10 anos 215 pessoas morreram por afogamento em Rio Branco. Somente este ano, até a última terça-feira (8), 12 pessoas foram vítimas das águas em rios, igarapés e açudes na capital acreana. O número, apesar de ser menor do que em 2016, quando 18 óbitos do tipo foram registrados, ainda pode aumentar.


Em 2007, 25 mortes por afogamento foram registradas. Dois anos depois, em 2009, o índice saltou para 29 óbitos. Depois disso, os anos com maior frequência de casos foram 2010 (25), 2011 (23) e 2015 (25). Durante todo esse período, em apenas dois anos foram contabilizados menos de 15 casos na cidade. Os anos de 2008 e 2012 apresentaram uma queda nos índices, 13 e 12 casos respectivamente, segundo o estudo.


O major do Corpo de Bombeiros Cláudio Falcão explica que para cada óbito, 10 afogamentos sem mortes são contabilizados. Ou seja, das 12 mortes registradas este ano, pelo menos 120 afogamentos ocorreram em Rio Branco sem vítimas fatais. De acordo com ele, falta de supervisão, consumo de bebidas alcoólicas, etnia rural, faixa etária e renda socioeconômica são alguns dos principais motivos das mortes.


“Em todos os anos se repete a mesma estatística. As principais vítimas são homens de 17 a 27 anos. Os homens têm seis vezes mais chances de se afogarem do que as mulheres. Se reenquadrarmos esse índice na faixa etária de 20 a 24 anos, esse número sobe para 17 vezes. O principal fator dessas mortes é a faixa etária. O segundo mais frequente é o consumo de bebidas alcoólicas”, afirma Falcão.


De acordo com o major, o verão amazônico, período de poucas chuvas e seca no estado, é quando ocorrem mais afogamentos em Rio Branco. Julho e agosto são os meses críticos onde a incidência se torna frequente. “Os rios baixam o volume de água e aumentam as áreas de praias. As pessoas procuram esses locais para se banharem e acontece mais acidentes”.


Em todo Acre, pontua o militar, 75% das mortes por afogamento acontecem em rios e represas. O restante se distribui em açudes, balneários e piscinas residenciais. “Quando procurarem os rios, as pessoas não devem utilizar bebidas alcoólicas, elas tiram o reflexo. Também é importante conhecer esses locais, mesmo com água baixa os rios têm porões [buracos profundos]”, orienta Falcão.


Projeto de Lei

Para diminuir a incidência de afogamentos na capital do Acre, a vereadora Elzinha Mendonça (PDT) apresentou à Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Rio Branco um Projeto de Lei que institui o Programa de Segurança Aquática na cidade. Além disso, o PL sugere a criação da Semana de Prevenção Aquática, com diversas ações voltadas para a conscientização e prevenção.


Elzinha explica que o PL é voltado, principalmente, para banhistas e pessoas que utilizam os rios, igarapés e açudes para a prática de atividades. “Na época de estiagem é quando acontecem mais casos de afogamento. A população não tem o pensamento de que mesmo seco os rios oferecem risco. Escolhemos [no PL] o mês de agosto para que as atividades nesse sentido sejam realizadas”.


Depois de apresentado à Mesa Diretora, a proposta da vereadora vai seguir para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Caso aprovado nesse âmbito, o PL vai seguir para o plenário da Casa, onde vai passar por votação. Do plenário, o projeto segue para a sanção do prefeito. “A ideia é estender esse projeto no âmbito estadual”, conclui Elzinha.


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