O empresário Mário Odon Viana Fontes, sócio da Technomed, empresa acusada de fraudar a pressão e o envase de cilindros de oxigênio, disse que o publicitário Sandro Cardoso da Silva seria o “intercessor do secretário Gemyl Júnior na cobrança de valores a título de propina”. A função privilegiada do publicitário era “liberar” pagamentos atrasados, devidos pelo Estado à Technomed, diz o empresário.
A propina seria de 10% sobre cada pagamento liberado. O empresário afirma que a Sesacre forçou essa “troca de favores” ao decidir que os pagamentos à Technomed deveriam ser feitos em parcelas mínimas de R$ 30 mil ao mês. Diálogos grampeados com autorização da justiça revelam Mário Odon e sócio mais próximo acertando repasses ao secretário.
A declaração foi dada ao delegado da Polícia Federal Fares Antoine Feghali em 25 de outubro deste ano, com a deflagração da Operação Asfixia.
Mário Odon, o filho (Rosicleudo da Silva Veloso, gerente de Licitações da Sesacre), Walmor Zirmermann Filho (gestor do contrato com a Fundhacre) e o também empresário Altair (dono da empresa Oxinal) estão presos.
Odon é o único que ainda está na carceragem da PF em Rio Branco, favorecendo a suspeita de que a delação premiada dele seria uma questão de dias.
Viana cita Sandro como amigo pessoal de seu sócio na Technomed, Francisco Welington, e com quem a propina foi acertada. O publicitário é responsável pela publicação de uma revista periódica com conteúdo positivo sobre a gestão do secretário de Saúde.
Mário diz ao delegado que Sandro recebia propina para liberar recursos devidos pelo Estado à Technomed. A afirmação deixou os agentes federais intrigados, em razão da influência incomum junto ao gabinete do secretário de Saúde, embora Sandro não seja servidor público.
Francisco Wellington confirmou, em depoimento à PF, que Sandro intermediou uma reunião dos empresários na casa de Gemil, com a presença do secretário. O assunto discutido era o atraso no pagamento. Questionado sobre a reação de Gemil, ele declarou; “o secretário ficou de avaliar a situação”.
Adiante, no mesmo depoimento, Wellington confirma que o publicitário recebeu R$ 80 mil referentes à liberação de R$ 800 mil em serviços prestados pela Technomed à Sesacre.
delegado quis saber quais favorecimentos seriam dados a Gemyl Júnior por ele (o secretário) atuar como “garoto propaganda” da Technomed. “A minha gratidão”, respondeu o empresário. Ao delegado, Wellington afirmou acreditar que Gemil Júnior seja um homem honesto, mas não conhece a existência de acordo entre o secretário e o publicitário para a divisão das propinas.
Todo o interrogatório está embasado em grampos autorizados pela justiça, a partir de conversas telefônicas entre os empresários e os agentes públicos presos.