Mário Odon Viana Fontes, responsável pela Technomed, empresa acusada de adulterar cilindros de oxigênios no Acre, é pai adotivo do gestor Rosicleudo da Silva Veloso, pregoeiro da Comissão de Licitação da Secretaria Adjunta de Compras e Licitações. Pai e filho foram presos na Operação Asfixia, da Polícia Federal, há duas semanas, em Rio Branco. Rosicleudo, suspeito de favorecer a empresa da família, ainda está na folha de pagamento do Estado, com salário mensal de R$ 7.1 mil referente ao cargo em comissão CEC 05.
A madrasta de Rosicleudo, Suzete Lima Fontes, esposa de Mário, é técnica da Secretaria da Fazenda do Acre, sendo apontada pela Polícia Federal como a pessoa que ajudou a reerguer a Tecnomed. Ela tem salário de R$ 6,5 mil brutos. Alan Jones de Oliveira Mota, sócio da empresa, estava gerente http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo da Sefaz no período em que os contratos com a Secretaria de Saúde foram firmados. Um relatório técnico da PF diz que a menor medida de oxigênio contratado junto à Technomed saiu de R$ 26,00 para R$ 82,90. A investigação sugere que, para cada 10 metros cúbicos de oxigênio pagos pela Sesacre, apenas 7 metros cúbicos são, de fato, entregues aos hospitais públicos. Todos os cilindros com lacre branco são considerados manipulados, alvos de fraude (veja na ilustração ao lado como funciona o esquema). Esta reportagem faz parte da série exclusiva publicada pelo acjornal.com sobre o tema.
Uma diligência dos federais na Secretaria de Saúde comprovou, em áudio, vídeo e fotos, uma proximidade acima do normal dos investigados com o poder público. Na ocasião, os agentes federais flagra ramos investigados Wellington e Mario Odon dentro da Sesacre. O inquérito policial mostra imagens de um Palio branco, de placas QLV-5520, de propriedade de uma locadora de Rio Branco, e a Saveiro branca, de placas NXR-4426, em frente a empresa. A suspeita era de que os carros eram utilizados, respectivanente, por Mario Odon e Francisco Wellington. No dia seguinte, a equipe flagrou os mesmos veículos na Divisão de Abastecinento Farmacêutico-DAF – circunstância que permitiu confirmar que eram os veículos utilizados por Mario e Wellington.
Os policiais conseguiu registrar a conversa dos sócios. Os investigados conversaram sobre assuntos diversos, dentre eles algo a respeito da troca de um veiculo Sportage por um Renegade e, ainda, que precisavam “dar un gelo’ em Juba – funcionário da Technomed para quem a empresa deve valores. Eles também citaram o nome de “Cleudo”, abreviação de Rosicleudo da Silva Veloso, pregoeiro e Chefe da Divisão de Licitações da Secretaria Adjunta de Compras e Licitações do Estado do Acre. Nessa parte da conversa, Wellington disse “( … ) you falar pro Cleudo agilizar o processo ( … )”. Mario, logo em seguida, respondeu “( …) espera um pouco, vou ligar pra minha filha depositar pra mim”. A filha dele seria moradora de Porto Velho/RO. Mario comentou que ela depositaria urna quantia de R$ 10.000,00 na conta dele no Banco do Brasil S/A, dinheiro que deveria ser entregue a “Cleudo”.
A Polícia Federal estima sobrepreços e superfaturamentos na ordem de 30% sobre os valores pagos pelo governo à Techonomed. Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, Receita Federal e a Secretaria Federal de Controle Interno trabalharam de forma reservada na devassa aos contratos durante a gestão do secretário Gemyl Júnior. As irregularidades envolvem, ainda, Wellington Oliveira, outro sócio da empresa investigada.
O irmão de Wellington, João Batista Oliveira, morreu em 2012 na explosão de um cilindro de gás, no Conjunto Manoel Julião. Na explosão, o corpo de João Batista foi partido ao meio. A residência onde ele armazenava foi destruída e as casas vizinhas tiveram sua integridade comprometida. A Policia Civil chegou a investigar as causas do acidente. Havia fortes indícios de que o acidente houvesse sido causado pela estocagem e manipulação indevidas de diversos tipos de produtos químicos em forma de gás no local. As notícias da época, porém, o notícia de que o cilindro que explodiu era de acetileno e não oxigênio medicinal. De qualquer maneira, o caso serve para ilustrar corno a manipulação desse tipo de material deve ser realizada da maneira mais controlada possível, seguindo a risca as normas de segurança, alerta a PF.