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No AC, juíza concilia tribunais e atletismo e diz: “Corrida é energia, alimento diário”

Maria Rosinete dos Reis, da Vara de Delitos de Drogas e Acidentes de Trânsito, da Comarca de Rio Branco, capital acreana, coleciona medalhas e se prepara para Maratona de Santiago

A juíza de direito Maria Rosinete dos Reis, responsável pela Vara de Delitos de Drogas e Acidentes de Trânsito da Comarca de Rio Branco, capital do Acre, concilia a rotina da magistratura com o atletismo. O gabinete repleto de medalhas mostra que o esporte realmente é levado a sério. Rosinete corre diariamente cerca de 10 km, todas as manhãs, antes de ir trabalhar. Ela usa as corridas de rua como uma ‘válvula do bem’, onde descarrega a tensão do trabalho na área criminal e encontra energia para as decisões no tribunal.



Natural de Santarém (PA), Rosinete conta que sempre gostou de correr, desde a adolescência, e nunca perdeu o hábito, mas foi em 2008 que passou a praticar profissionalmente, quando deixou de ser delegada em Manaus (AM), para ser juíza, no Acre. Orientada por um educador físico, segue à risca as recomendações do seu treinador ‘virtual’.


– Gosto de correr para sentir a sensação de liberdade, ter um contato com a natureza, e pela manhã melhor ainda. Nada mais belo. É uma energia, um alimento para eu suportar a carga do trabalho, que não é fácil, por ser uma área criminal. Estou lidando com vidas, com pessoas que infelizmente cometeram esses ilícitos. Estamos ali pra decidir sobre o bem maior do ser humano, que é a liberdade. Então, é realmente onde encontro esse fôlego para seguir – ressalta.


Medalhas e realização
A última competição foi a 8ª edição dos Jogos da Magistratura, realizada em outubro, em Fortaleza (CE). Única representante do Acre, competindo na categoria master (40 a 49 anos), teve apoio das outras delegações ao ultrapassar a adversária do Rio Grande do Sul e conquistar ouro nos1500m. Subiu ao primeiro lugar do pódio também no revezamento 4 x 100m, e nos 800m e ficou com o bronze nos 400m, obtendo neste seu menor tempo, 51min7s.



Rosinete já participou de duas meias-maratonas, uma em Santiago, no Chile e outra no Rio de Janeiro e se prepara para sua terceira São Silvestre, que será preparatória para um desafio maior: sua primeira maratona, em Santiago, no Chile, que ocorre no dia 8 de abril de 2018. A atleta diz que a São Silvestre é uma espécie de realização, confraternização de fechamento do ano, mas desta vez também será como preparação para sua estreia em maratonas. A 93ª edição da prova internacional ocorre em São Paulo (SP), e fechará o ano esportivo no dia 31 de dezembro, com cerca de 30 mil atletas.


– Sempre gostei de assistir a São Silvestre, é uma tradição, então quando você chega lá, logo pensa: “Não acredito que estou aqui! Em 2014 foi a primeira que participei. Mas não é parâmetro para resultados. É mais uma realização, uma confraternização para quem corre. – Santiago é diferente, um local muito bom para ter resultados com relação a tempo, porque o percurso é praticamente plano, bem largo, não tem aglomeração de atletas, e você pode desenvolver a corrida no seu ritmo – explica.


De corpo e ‘alma’
A juíza explica que na corrida de longa distância, o objetivo é vencer os próprios limites, por isso dá continuidade a disciplina diariamente. Nem nas férias os treinamentos são interrompidos. De tênis, correndo, ela transforma o esporte em turismo e afirma: “Não tem forma melhor de conhecer algum lugar em que você vai, senão correndo. É maravilhoso ”.



– Eu venci esse limite que a princípio existia, com disciplina. Você acorda de manhã e se depender do seu corpo, você fica deitado, mas não, eu me arrumo, faço alimentação adequada e vou embora. O único período que fiquei sem correr foi no final das minhas duas gestações, mas até os sete meses continuei treinando e na última consegui até o oitavo, mantendo aquele trote (risos). Tenho a corrida como um tempo só meu, único. É um alimento diário – conclui.


Rosinete diz que o esporte lhe traz benefícios físicos e também para alma. Por causa do atletismo passou a cuidar mais da Alimentação e da espiritualidade. Com bastante incentivo, conseguiu um parceiro de pistas. O marido passou a correr e acompanhá-la nas competições e o resultado de tanta determinação e disciplina é qualidade de vida e muita saúde. A juíza diz que raramente adoece e que o equilíbrio é uma marca da sua rotina entre tribunal e pistas.


– Sou católica, gosto de ir a missas, ter meus momentos individuais de espiritualidade. Tenho fé. Minha mãe me ensinou desde cedo. Me sinto energizada, revigorada, não dá pra explicar, mas correr e se deparar com o sol nascendo, é incrivelmente restaurador, pro corpo e pra alma. O corpo é matéria e espírito. É um conjunto. O corpo é uma máquina, então todas as engrenagens têm que estar alinhadas – conclui.


Alimentação x Resultados
Aos 44 anos, a juíza esbanja boa forma e jovialidade. Com um sorriso acolhedor, a paraense fala sobre comer bem para obter resultados melhores no esporte. Ela diz que a educação alimentar caminha lado a lado com o esporte.


– Procuro tomar todos os cuidados com alimentação, para evitar lesões, porque uma coisa puxa a outra. Se você está buscando algum resultado, seja em termo de tempo ou para aumentar seu percurso, é necessário responsabilidade com você. Tem que ser correta, não é comer com ânsia de ficar saciado, é dar pro seu corpo os nutrientes que ele precisa. A disciplina, a alimentação e a parte espiritual são fundamentais. Tem pessoas que pensam não influencia, mas acredito e defendo que sim – conclui.


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