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MP e CRM fazem campanha de combate à Síndrome Alcoólica Fetal no Acre

Doença prejudica desenvolvimento da criança durante a gestação. Laçamento ocorreu neste sábado (18) em Rio Branco.


A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é uma doença que afeta bebês de mães que ingerem bebidas alcoólicas durante a gravidez.


Diminuição do oxigênio, limitações intelectuais e motoras, deformação dos ossos e problemas no desenvolvimento do cérebro, sistema nervoso e coração são algumas das consequências que a criança pode ter quando exposta ao álcool na gestação.


Quando consumido na gravidez, o álcool atravessa facilmente a proteção da placenta, diminui a quantidade de oxigênio enviada ao embrião e afeta o desenvolvimento do cérebro da criança.


E a pequena Ana Vitória faz parte desses casos. A garotinha de 7 anos cheia de energia foi adotada por um casal aos nove meses de vida. Desde o início, os pais sabiam que ela é especial.


“Quando nos falaram dela, disseram que era uma criança que tinha nascido com muitos problemas de saúde e que tinha uma síndrome que ainda não tinha diagnóstico fechado. Mesmo assim, a gente quis conhecer ela. Quando isso aconteceu, foi amor a primeira vista. Não teve como a gente não se apaixonar por ela”, relembra a engenheira agrônoma Cleísa Brasil, mãe de Ana Vitória.


A princípio, o casal achou que a criança tinha Síndrome de Down, mas depois de um tempo, Cleísa e o marido observaram o comportamento da filha. Eles fizeram algumas pesquisas e depois de alguns encaminhamentos marcaram uma consulta com um médico especialista em São Paulo. Foi durante a consulta fora do Acre que o casal descobriu o que afetava a pequena Ana Vitória.


“Chegamos no consultório e o médico ficou conversando com a gente e deixou ela [Ana] à vontade. Daí ele viu o jeito dela de se comunicar, brincar e analisou tudo. Depois, ele disse que ela tinha a Síndrome Alcoólica Fetal. Nós não sabíamos o que era isso e o médico explicou que era pouco conhecida no Brasil”, relata o http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrador Cleiner Lima, pai da garota.


Em todo o mundo, 10% das mulheres da população geral consome álcool durante a gravidez. Uma em cada 67 mulheres pode ter um filho com a SAF. No Brasil, não existem estatísticas oficiais sobre a síndrome, mas, de acordo com o Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC), é cada vez maior o número de crianças afetadas no estado.


“Infelizmente os dados no estado são muito precários. Nós não temos esses índices de prevalência da Síndrome Alcoólica Fetal, mas os relatos dos colegas pediatras é de um crescente número de casos sendo relatados nas maternidades, especialmente pela cultura de consumo de bebidas alcoólicas, que é comum em toda sociedade”, declara Virgílio Prado, presidente do CRM-AC.


E foi por iniciativa da família de Ana Vitória, que procurou auxílio, que o Ministério Público do Acre (MP-AC) e o Conselho Regional de Medicina lançaram no sábado (18) a campanha “Diga não à Síndrome Alcoólica Fetal”.


Glaucio Oshiro, titular da Promotoria Especializada de Defesa da Saúde do MP-AC, fala que a campanha visa incitar a criação de políticas públicas.


“Nós só conseguiremos fazer políticas se obtivermos um esclarecimento sobre o assunto. E é isso que estamos fazendo durante essa semana”, acrescenta Oshiro. Atividades como entrega de folders com informativos sobre a síndrome, discussões em grupos familiares, palestras, rodas de conversas e seminários são algumas das diversas atividades que vão ser feitas durante a campanha.


Cleísa e Lima, pais da Ana Vitória, acreditam que o debate, além de esclarecer a população, pode evitar que outras crianças sejam afetadas pela Síndrome Alcoólica Fetal.


Apesar da SAF não ter cura, a pequena Ana leva uma vida normal. Mas, isso só é possível porque os cuidados e tratamentos adequados são oferecidos à ela. Com isso, a criança pode se desenvolver bem mais do que o previsto.


Ana foi adotada aos nove meses de vida e faz tratamento em Rio Branco  (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)

Ana foi adotada aos nove meses de vida e faz tratamento em Rio Branco (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)


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