Presos de Cruzeiro do Sul e Rio Branco estão em greve de fome há vários dias. Familiares reclamam da suspensão de visitas e cobram explicação.
Parentes de presos da penitenciária Manoel Neri protestaram na manhã deste sábado (11) em frente a unidade contra a suspensão de visitas. Cerca de 200 detentos da unidade estão em greve de fome há três dias. Eles alegam receber comida estragada e, assim como os presos de Rio Branco, cobram o retorno de líderes de facção transferidos para fora do estado há quase dois anos.
O coordenador de segurança do presídio, Aislan Barbosa, confirmou a suspensão de visitas no presídio e alegou que a suspensão ocorre porque os detentos não estão aceitando nenhum tipo de atendimento.
“Nós chamamos eles para uma conversa, algumas reivindicações deles não têm respaldo, principalmente de que tem 40 presos numa cela, não é verdade. Mas a suspensão é porque eles não querem nenhum tipo de atendimento, nem judicial, oficial de justiça, assistência social, não querem receber alimentação. Mas estamos com uma equipe médica de prontidão para casos emergenciais”, disse.
Ocilene Oliveira da Silva chegou cedo à unidade para visitar o filho que está preso e queria explicações da direção. “Nós estivemos ontem aqui, disseram que teria visita, que tava liberada, tivemos todas as despesas para chegar até aqui e não tem visita. Tem gente que está aqui desde ontem de manhã! Queremos ver os nossos parentes. Chega aqui e não tem visita?”, reclama.
Quem também estava indignada com a suspensão das visitas era Patrícia da Silva Braga. Ela veio de Mâncio Lima, cidade vizinha de Cruzeiro do Sul para ver um amigo que está preso e não conseguiu entrar. “Venho de Mâncio Lima visitar um amigo quando chego aqui cancelam a visita. Se tem visita pra uns tem que ter visita pra todos. Queremos uma explicação, estamos reivindicando nossos direitos”, disse.
Greve de fome em Rio Branco
No dia 7 de novembro presos do pavilhão “A” do presídio Francisco d’Oliveira Conde, em Rio Branco começaram uma greve de fome.
A greve, segundo um agente penitenciário, foi motivada por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou no dia 4 de outubro um pedido para autorizar presos que ocupam penitenciárias federais há mais de dois anos a regressarem a presídios de seus estados de origem.
Além disso, conforme o agente, os presos cobram um pavilhão maior, pois atualmente 610 detentos estão no pavilhão A, que tem capacidade para 250 presos. Com a greve de fome, ao menos 150 pães destinados ao café da manhã dos presos foram doados ao Educandário Santa Margarida e ao Lar dos Vincentinos.