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Ex-jogador sofre atentado, sobrevive e se dedica a projeto social de futebol

Amarilzo Mesquita, ex-Rio Branco-AC, levou tiro durante assalto em sua casa e passou 15 dias na UTI. Após recuperação total, mantém escolinha de futebol para crianças carentes, na Baixada da Sobral, na capital acreana


Amarilzo Mesquita, ex-jogador do Rio Branco-AC, quase viu seus sonhos acabarem no dia 21 de janeiro de 2016, quando assaltantes invadiram sua casa, na Baixada da Sobral, na capital do Acre. Atingido por um tiro, ele passou 15 dias entre a vida e a morte na Unidade de Tratamento Intensivo de um hospital em Rio Branco. A experiência negativa com a violência foi uma motivação a mais. Idealizador do projeto Esporte, Saúde e Lazer, após a recuperação total, resolveu manter sua escolinha de futebol para crianças carentes e mostrar como formar cidadãos melhores através do esporte.


Ex-jogador do Rio Branco-AC Amarilzo Mesquita, sofre atentado, sobrevive e se dedica a projeto social de futebol (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)

Ex-jogador do Rio Branco-AC Amarilzo Mesquita, sofre atentado, sobrevive e se dedica a projeto social de futebol (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)


– Quase perdi minha vida, mas Deus me deu outra oportunidade de voltar a viver e sonhar. Não é fácil, a gente que procura sempre fazer o bem, desenvolvendo esse trabalho de resgate a essas crianças, mas, infelizmente ocorre isso. A bandidagem pensa que temos dinheiro. Quem faz projeto social não tem dinheiro, são pessoas que privam suas vidas em prol de fazer o bem ao próximo – lamenta Mesquita.


Quase dois anos após a tragédia, o ex-jogador, conhecido como Tronqueira, tenta seguir a mesma rotina de antes. Ele continua a frente do projeto social, que ensina crianças e jovens da Baixada da Sobral a arte de jogar futebol e tem como objetivo social salvar vidas através do esporte. Há tempos atrás, era considerada uma das regiões mais violentas de Rio Branco, mas segundo o idealizador, o trabalho feito pelo projeto com outras entidades têm feito esse índice cair consideravelmente.


– Eu sempre procuro contar aquilo que aconteceu comigo para os meus alunos e mostrar a eles que a vida do crime não compensa. É uma vida de ilusão. São os meus alunos que me incentivam a continuar tocando esse projeto. – O projeto surgiu para conscientizar essas crianças e jovens a seguirem uma vida do bem, sempre respeitando os pais, para que no futuro sejam cidadãos respeitados pela sociedade – afirma.


A Escolinha Saúde, Esporte e Lazer está levando o esporte a mais de 150 crianças da comunidade (Foto: Wescley Camelo)

A Escolinha Saúde, Esporte e Lazer está levando o esporte a mais de 150 crianças da comunidade (Foto: Wescley Camelo)


Esporte como formador social
O projeto de inclusão social por meio do esporte vem a cada dia crescendo na Baixada da Sobral. A Escolinha Saúde, Esporte e Lazer está levando o esporte a mais de 150 crianças da comunidade e com o foco de tirá-las do mundo da criminalidade. As aulas são realizadas de terça a quinta-feira, no Campo do Vidal, na Bahia, e na quadra de grama sintética, no bairro João Eduardo.


A escolinha existe há 17 anos, mas oficialmente (com todos os documentos) somente há cinco anos. A equipe Esporte, Saúde e Lazer participou de todas os campeonatos de base desta temporada e tem se destacado entre os clubes grandes. De acordo com o ex-jogador, o objetivo da entidade, além de oferecer esporte, é formar cidadãos de bem.


– É uma forma de dar uma oportunidade para essas crianças praticarem um esporte saudável. Temos encontrado dificuldades, mas vamos seguindo firme para cumprir com nosso objetivo que é formar bons cidadãos no futuro – ressaltou Tronqueira.


Tirando a juventude da ociosidade
Em qualquer periferia do Brasil, o índice de criminalidade é muito alto e na Baixada não é diferente: um conjunto de vários bairros que requer um cuidado maior por parte do poder público. E neste lugar o projeto vem transformando a vida de muitas crianças por meio do futebol.


De acordo com Mesquita, o papel da entidade é tirar menores da rua e estimular atividades esportivas como forma de cidadania. Ele destaca que esse modo de lidar com adolescentes e crianças contribui para a inclusão deles na sociedade e uma formação mais humanizada, além disso, os afasta da vida insegura marcada pela violência, drogas e exploração.


Para Amarilzo outro benefício trazido pelo projeto de incentivo ao esporte é a construção de um ambiente competitivo envolvendo esses jovens.


– Esse projeto tem um papel importante na vida desses meninos. Temos uma aceitação muito boa com os pais e isso tem feito o trabalho ter êxito durante todos esses anos – comentou o educador.


Nem tudo são flores
O ex-atleta afirma que no Acre ainda é muito difícil fazer esporte, pois por mais que existam políticas públicas para essa área, pouca coisa de concreto é feito para melhorar as entidades que incentivam à prática das crianças. Na maioria das vezes, tudo é feito na ‘cara e na coragem’, como diz o ditado. E isso não é diferente na escolinha. Atualmente, a entidade faz parte do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que garante o lanche das crianças e jovens durante as aulas.


Entidade faz parte do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que garante o lanche das crianças e jovens durante as aulas (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)

Entidade faz parte do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que garante o lanche das crianças e jovens durante as aulas (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)


– Muitos acham que estamos cheios de dinheiro por conta da escolinha, mas não têm ideia das dificuldades que encontramos todos os dias para manter esse projeto funcionando – disse Tronqueira.


Trabalho mostra resultado
Esse ano a Escolinha Saúde, Esporte e Lazer participou de uma competição no estado de Rondônia e trouxe para o Acre resultados positivos. A entidade levou para o torneio times de três categorias. Em duas conseguiu o título e na outra ficou com o vice-campeonato.


– Ficamos felizes pelos resultados que conquistamos em Rondônia com essa garotada. Foi uma boa competição que deu para perceber que nosso trabalho está sendo bem feito dentro das nossas condições – conclui.


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