‘É uma falta de respeito com a gente’, diz filho de mulher enterrada. Setor de limpeza do município disse que pessoal foi reduzido e não houve tempo de limpar.
Mais um ano e o cemitério onde eram enterrados os hansenianos em Cruzeiro do Sul permanece abandonado. O local é coberto por mato e as sepulturas estão sem qualquer manutenção.
O Cemitério Castanheira tem cerca de 30 túmulos e é parte de um triste período histórico, quando os hansenianos eram excluídos da sociedade devido à doença, tanto na vida, como na morte.
Conhecido como cemitérios dos hansenianos, este é o segundo ano que o local não passa por limpeza.
“O que houve foi a redução de pessoal e não deu tempo de limpar. A gente limpou os dois maiores e acabou que não deu tempo de ir lá”, justifica o responsável pelo setor de limpeza do município, Mauri Barbosa.
Para os familiares que precisam visitar os túmulos, o abandono causa indignação e transtornos. Eduardo Nascimento, de 78 ans, sempre vai visitar o túmulo da mulher. Hilda Ferreira morreu há 22 anos e ele sempre faz questão de ir até o cemitério, mas as condições do local é uma reclamação constante.
“Eu que já tenho mais idade, fico andando nesses matos, mas a gente vem todo ano. Não pode deixar de vir não, porque ela tá aqui”, disse.
O filho de dona Hilda, Edmar Nascimento, de 36 anos, disse que o sentimento é de total indignação, já que para poder acender velas para a mãe, ele tem que enfrentar um caminho no matagal.
Com um facão, ele ia trilhando um caminho para chegar até o túmulo da mãe. “É uma falta de respeito, porque em outros cemitérios fizeram porque que aqui não fez?”, indaga.