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Primeiro casal a se inscrever para casamento coletivo gay no Acre diz que projeto é a ‘realização de um sonho’

Luana e Antônia vão se casar em novembro durante a cerimônia do projeto ‘Casar é Legal’. Cozinheiras se conheceram há quase dois anos durante um curso no Senac.


O casal Luana Maiara, de 36 anos, e Antônia Cristina, de 27, pensou até em sair do Acre para realizar o sonho de oficializar a união estável de quase dois anos. Porém, a dupla de cozinheiras acabou recebendo a oportunidade de se casar sem custo algum no projeto “Casar é Legal”, que vai realizar o casamento coletivo de casais homoafetivos no estado.


Luana e Antônia foram as primeiras a se inscreverem no projeto e afirmam que essa é a realização de um sonho.


As inscrições para o projeto seguem até o dia 23 de outubro no Núcleo de Cidadania da Defensoria Pública do Estado. A cerimônia deve ocorrer em novembro deste ano, mas ainda não tem dia definido.


Os interessados devem procurar o órgão de 8h às 14h portando o RG, CPF, Certidão de Nascimento e comprovante de endereço. Não há limite de vagas.


“Eu fico realmente muito emocionada, pois é algo que sempre quis para nós, pois a nossa união é de harmonia e, de fato, estável. Temos uma relação muito boa e não tenho nem palavras para descrever o que estou sentindo. É a realização de um sonho”, afirma Luana.


A cozinheira conta que conheceu Antônia há quase dois anos, quando faziam um curso no Senac, na capital. As duas acabaram se afastando, pois Luana foi morar fora do estado, mas se reencontraram e decidiram assumir o relacionamento.


“Fui eu quem sempre corri atrás e fui buscando até conseguir conquistar esse coração e estamos juntas há quase dois anos. Essa é uma oportunidade única não somente para mim ou para a Antônia, mas para todos os casais homoafetivos que tenham essa intenção. É um turbilhão de emoções, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo”, destaca.



Além do casamento civil, as duas também pretendem fazer um casamento religioso, pois são do candomblé e acreditam que esse momento é importante para reunir os amigos. O casal comemora dois anos de união no mês em que ocorre a cerimônia do projeto.


Luana diz que não enfrenta preconceito dos pais por causa da orientação sexual. No entanto, relata que o mesmo não ocorre com Antônia e teme como a família dela vai receber a notícia do casamento.


“Ela [Antônia] sofre até hoje, pois a família é muito religiosa e, principalmente, a mãe não aceita. Fico imaginando como vai ficar essa relação, que já é estremecida após o casamento. Infelizmente as pessoas acreditam que o amor precisa ter um gênero, elas não podem ter apenas um sentimento. Amor não é apenas um homem e uma mulher, o amor é amor em qualquer gênero, são pessoas, seres humanos”, destaca emocionada.


Projeto Casar é Legal

O coordenador do núcleo da cidadania, defensor Celso Araújo Rodrigues, diz que objetivo do casamento coletivo homoafetivo é resgatar a cidadania e dignidade dessas. O projeto “Casar é Legal”, segundo ele, busca fortalecer o princípio da igualdade e isonomia.


O projeto é uma parceria entre a Defensoria, Fórum de ONGs LGBT do Acre, Vara de Registros Públicos, cartórios de Rio Branco e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).


“Elas foram o primeiro casal a se inscrever. O projeto foi iniciado agora e é a primeira vez no estado. O Acre que é o terceiro estado da região Norte a fazer esse tipo de projeto. Infelizmente, a gente vive em uma sociedade com muito preconceito e essa é uma quebra de paradigmas. Todos têm direitos iguais perante a lei, sem discriminar, sem preconceito com ninguém, então esse é o objetivo do projeto”, finaliza.



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